Fundo do poço: Governo Lula deve fechar o ano com um déficit de R$ 64,2 bilhões


Vladimir Chaves


 

A Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão vinculado ao Senado Federal responsável por monitorar as contas públicas, estima que o governo federal encerrará 2025 com um déficit primário de R$ 64,2 bilhões. Já o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, enviado esta semana ao Congresso, prevê superávit primário de 0,25% do PIB — o equivalente a R$ 34,3 bilhões. Considerando a tolerância de 0,25 ponto percentual para mais ou para menos, a meta seria considerada atingida mesmo com saldo nulo.

O cálculo do resultado primário, no entanto, exclui algumas despesas, como o pagamento de precatórios, que só voltará a ser considerado a partir de 2027. Segundo a IFI, o quadro pode se agravar em 2026, com déficit estimado em R$ 128 bilhões. Para alcançar a meta proposta, o governo precisaria economizar pelo menos R$ 72 bilhões.

A projeção da IFI aponta para um crescimento do PIB de 2% em 2025 e de 1,6% em 2026, impactado pela queda da renda real disponível e pela política monetária ainda restritiva.

A guerra comercial desencadeada pelos Estados Unidos também é vista com preocupação. Seus efeitos sobre a economia brasileira ainda não foram totalmente dimensionados, mas a IFI alerta que impactos negativos devem repercutir nas receitas públicas, comprometendo o alcance das metas fiscais e a credibilidade do novo arcabouço fiscal.

A inflação permanece resistente e pode atingir 5,5% em 2025, com tendência de recuo para 4,4% em 2026. Já a dívida pública federal pode alcançar 79,8% do PIB em 2025 e 84% em 2026, com perspectiva de alta no curto e médio prazos. Essa trajetória é influenciada, entre outros fatores, pelo enfraquecimento da atividade econômica esperado para o segundo semestre de 2025.

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