O Ministério Público
Eleitoral pediu a inelegibilidade do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e a
cassação da chapa de Sandro Mabel, à Prefeitura de Goiânia nas eleições deste
ano. Os dois, que são do União Brasil, são acusados de abuso de poder político,
pelo uso do Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual, em eventos de
apoio à candidatura de Mabel, que venceu o pleito de 2024.
Caiado já se declarou
pré-candidato a presidente da República em 2026, de olho em votos de eleitores
da direita, em especial dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL),
tornado inelegível até 2030 por causa de uma reunião com embaixadores no
Palácio da Alvorada, em Brasília, em que atacou o sistema eleitoral.
A disputa pela Prefeitura
de Goiânia expôs um racha entre Caiado e Bolsonaro. Enquanto o governador
lançou Sandro Mabel como candidato, o ex-presidente apoiou Fred Rodrigues (PL).
Os dois se enfrentaram no segundo turno. Mabel teve 55,5% dos votos válidos,
contra 44,4% de Fred.
A Ação de Investigação
Judicial Eleitoral (AIJE) foi aberta após uma representação da coligação
formada por PL e Novo em Goiânia, e pelo candidato derrotado Fred Rodrigues.
São citados jantares no Palácio das Esmeraldas, em 7 e 9 de outubro, em que
Mabel e Caiado receberam políticos goianos.
Um desses jantares, em 7
de outubro, reuniu 26 vereadores eleitos em Goiânia. Dois dias depois, houve um
jantar para suplentes de vereadores e lideranças políticas. Os eventos foram
divulgados nas redes sociais dos dois políticos e “tiveram nítido caráter
político eleitoral”, portanto configuram abuso de poder político, segundo o MP
eleitoral.
“Emerge inconteste dos
autos que o investigado Ronaldo Ramos Caiado usou o Palácio das Esmeraldas, bem
público de acesso restrito, para a realização de eventos de natureza política,
mais precisamente de busca de apoio, vale repetir, aos candidatos Sandro Mabel
Antônio Scodro e Cláudia da Silva Lira [vice na chapa de Mabel], o que
caracteriza a conduta vedada”, diz a representação do MP.
“De igual forma, fez uso,
nas referidas oportunidades, o investigado Ronaldo Ramos Caiado de materiais
(especialmente alimentos e bebidas, já que se trataram de jantares), e serviços
(realizados pelos servidores que ali exercem suas funções) públicos […]”,
prossegue o MP Eleitoral.
“Quanto ao abuso do poder
político, é de se ver que, embora a aferição da gravidade da conduta deva ser
extraída das circunstâncias do fato, independentemente da efetiva quantidade de
eleitores diretamente atingidos, não se pode ignorar o fato de que os
mencionados eventos tiveram ampla divulgação na mídia e redes sociais, pelo que
ostentam gravidade suficiente para comprometer a legitimidade e a normalidade
do pleito”, completa o MP Eleitoral.
Em nota, Caiado disse que
“causa estranheza a manifestação do Ministério Público Eleitoral antes da
devida instrução processual”, pois testemunhas do caso ainda não foram ouvidas
para esclarecerem os fatos. Ele diz que “o evento em questão [...] teve como
objetivo principal congratular os vereadores de Goiânia pela vitória nas
eleições municipais e não se caracterizou como uma atividade de cunho
eleitoral”.
Já Mabel disse, também em
nota, que os eventos foram promovidos pelo governador Ronaldo Caiado como parte
de sua rotina política, “sem qualquer caráter eleitoral”. “O evento citado foi
organizado para cumprimentar vereadores eleitos e reeleitos, sem qualquer
finalidade de apoiar ou promover a candidatura”, afirma.
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