O advogado Jeffrey
Chiquini, defensor do tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, preso no Rio de
Janeiro no último dia 19, disse que o militar, que faz parte dos chamados kids
pretos – também conhecidos como forças especiais - foi “vítima de uma armação”
no caso que apura suposta tentativa de golpe militar e o planejamento do assassinato
do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, de seu vice Geraldo
Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Plantaram provas a alvos
específicos para essa imputação a pessoas específicas”, disse o advogado.
De acordo com Chiquini, o
tenente-coronel Azevedo desconhece qualquer tratativa de golpe e recebeu um
telefone celular como “cavalo de Troia”. O advogado concedeu uma entrevista
coletiva a jornalistas para esclarecer o conteúdo do depoimento de três horas e
meia que Azevedo prestou, via teleconferência, à Polícia Federal (PF) na
quinta-feira (28).
“Não é qualquer militar, é
o militar que foi pinçado a dedo para que a ele seja imputada uma participação
inexistente das forças especiais”, disse ele. “Afirmamos não ter qualquer
envolvimento”, acrescentou o advogado, que aponta ter havido “uma sabotagem das
Forças Armadas”.
O militar está preso no 1º
Batalhão de Polícia do Exército, no Rio de Janeiro. Ele foi detido pela
Operação Contragolpe, deflagrada pela PF para desarticular uma suposta
organização criminosa responsável por planejar um golpe de Estado. Quatro
militares das forças especiais foram alvo da ação.
O advogado Jeffrey
Chiquini nega que Azevedo seja o codinome “Brasil” e diz ter provas de que no
dia 15, aniversário de Azevedo, ele estava em casa, com a família, em Goiânia.
Segundo o advogado, o aparelho só foi parar nas mãos do militar no dia 24 de dezembro,
quando teria sido “plantado”, ou seja, colocado à disposição do
tenente-coronel, que assumia um cargo no Centro de Coordenação de Operações
Especiais do Exército.
“Esse celular está
plantado à disposição do [tenente] coronel, como se já estivesse tudo
preparado.”
Jeffrey relatou que havia
alguns aparelhos para serem escolhidos pelo cliente dele, e o celular em
questão era o mais novo. “Óbvio que ele escolheu o mais novo. Óbvio que
escolheu o melhor celular.”
O advogado levanta a
hipótese de alguma pessoa, por exemplo um militar ou um funcionário
terceirizado, ter sido corrompida para fazer esse aparelho de celular ficar à
disposição de Azevedo. “Está muito claro que se trata de uma armação contra o
[tenente] coronel Azevedo e contra as forças especiais”, afirmou o advogado.
“Eu não consigo afirmar para vocês quem está por trás”, completou.
A tese da defesa é que a
estratégia de imputar culpa ao tenente-coronel serve ao propósito de atingir o
Exército, por meio de sua força de operações especiais, ou atrapalhar as
investigações a respeito da tentativa de golpe.
“Se houve plano, tem que
ser apurado”, pediu o advogado.
O advogado Jeffrey
Chiquini nega ligação das mensagens com a trama golpista e alega que os textos
enviados por Oliveira e por Azevedo se referem a outro contexto, transferências
internas dentro da área de atuação de ambos no Exército.
“Cadê o histórico de
mensagens a conseguirmos analisar esse contexto?”, questionou.
Pedido de soltura
Ainda segundo o advogado,
o “amadorismo” da suposta tentativa de golpe mostra que não há envolvimento das
forças especiais no caso.
“Jamais um força especial
teria tanto amadorismo como está se vendo nessa operação”, declarou.
Ele diz que as provas que
mostram que Azevedo não participou da articulação criminosa estão no celular do
militar, que foi apreendido. Por isso, pedirá à PF acesso ao aparelho para que
possa reunir os indícios e solicitar a soltura do cliente.
Chiquini afirmou que
Rodrigo Bezerra Azevedo vai colaborar com as investigações. “E não delatar,
porque inocente não delata.”
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