PIB: Economistas esperam crescimento mais intenso e não veem recessão chegar ao Brasil.


Vladimir Chaves



Enquanto a economia norte-americana avalia os riscos de uma recessão - o que, por consequência, impactaria os mercados globais -, no Brasil, a expectativa é de crescimento. Por lá, houve contração de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre ante o anterior em sua segunda estimativa. Por aqui, se inicialmente as previsões eram de desempenho fraco, os analistas têm revisado suas estimativas e, agora, esperam alta mais intensa da atividade econômica.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta quinta-feira (2) os resultados do PIB do primeiro trimestre. Na comparação anual, média das análises compiladas pelo Investing.com é de crescimento de 1,8% sobre um ano antes (esse ritmo era de 1,6% no 4T21). E a estimativa para primeiro trimestre ante o anterior é um crescimento em 1,2% ( ante registro de 0,5% no 4T21 ante o 3T21).

Relatório da XP (SA:XPBR31) aponta que após um início de ano relativamente fraco, a estimativa atual é de uma alta de 1,4% ante o 4º trimestre de 2021, muito acima das projeções iniciais de por volta de  0,5%. “Não pela forte expansão do setor agrícola e pela expressiva variação positiva dos estoques, mas sim na esteira da reabertura econômica, da recuperação sólida do emprego, do avanço da renda disponível das famílias e do salto nos preços das commodities (impulsiona muitos setores exportadores e gera efeitos de “trasbordamento de renda” sobre outras atividades locais)”, detalha o documento.

O UBS é outra casa que elevou a sua estimativa para o PIB no 1T22, de 0,5% incialmente para 1% atualmente. O banco destaca dificuldades com a obtenção dos dados neste ano, o que vem atrapalhando as estimativas dos analistas.

Já Banco ABC Brasil (SA:ABCB4) espera um PIB de 0,7% no 1T, considerando os índices setoriais de varejo e serviços já publicados pelo IBGE, além da produção industrial e da estimativa para a safra doméstica de grãos.

Eduarda Korzenowski, economista da Somma Investimentos, acredita agora que o PIB do primeiro trimestre pode crescer mais de 1,0%, bem acima das expectativas iniciais que eram de crescimento de 0,7%. “De fato, os dados do primeiro trimestre surpreenderam positivamente, principalmente pela recuperação acima do esperado pelo setor de serviços e pelas medidas de estímulo à atividade econômica lançadas para o governo”, diz.

Paulo Gala, economista da Banco Master, estima uma faixa de crescimento de 0,5% a 1% em relação ao 4T. “Importante lembrar que muita gente esperava uma queda do PIB no primeiro trimestre deste ano. Na economia americana, o PIB caiu. Então, é uma surpresa positiva os dados que já vimos do varejo, serviços e indústria, mostrando que o desempenho do Brasil foi bem melhor do que se imaginava”, detalha. Os dados devem ser impulsionados pelas commodities de mineração, petróleo, e algumas áreas de agro, segundo Gala.

Já o Banco Original avalia que o avanço deve ser de 1,5% ante o trimestre anterior, “influenciado pela alta do segmento de serviços (que engloba, também, o comércio), com destaque para os serviços de transporte de carga e outros serviços, que acompanha a retomada da mobilidade”, completa o economista Marco Caruso.

Recessão global pode contaminar o Brasil?

O Banco Mundial vem emitindo alertas sobre os riscos de uma recessão global. Segundo o presidente da instituição, David Malpass, a guerra da Rússia na Ucrânia e o impacto nas commodities e fertilizantes podem desencadear uma recessão global. O medo de uma recessão parece não chegar por aqui. O UBS, por exemplo, prevê um crescimento do PIB em 1,1% no ano. Segundo o banco, há um grande e inesperado desequilíbrio entre bens comercializáveis ​​e não comercializáveis ​​devido à alta inflação, que estaria afetando o varejo e os produtos industriais mais do que os serviços. Ainda, gargalos na oferta global, como interrupções na produção chinesa e na mobilidade do país asiático, com a política covid zero, afetam o Brasil, que possui correlação econômica com o gigante.

A economista da Somma não acredita em recessão neste ano para a atividade econômica brasileira, pois o primeiro e segundo trimestres devem ser bastante positivos, segundo ela. “Já no segundo semestre, esperamos uma maior desaceleração da atividade, em função dos efeitos defasados da política monetária que já se encontra em patamar contracionista. Para 2023, vemos um cenário de menor atividade, com juros ainda patamares contracionistas aqui dentro e lá fora, mas também não contemplamos um cenário recessivo”, reforça.

O Banco ABC Brasil projeta elevação de 1,2% na atividade econômica no ano, reflexo do desempenho positivo dos setores ligados às commodities a exportações. A XP revisou a expectativa para o crescimento do PIB em 2022, de 0,8% para 1,6%. E o UBS apontou em relatório que, apesar de um primeiro trimestre potencialmente melhor, o risco de contração abrupta de curto prazo leva os analistas a estimarem média do crescimento PIB brasileiro em 1,1% em 2022. Se os riscos não fossem tão altos no 3T, a estimativa poderia ser de 1,5% a 1,6%, de acordo com o documento.

 

Investing.com

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