Enquanto a economia
norte-americana avalia os riscos de uma recessão - o que, por consequência,
impactaria os mercados globais -, no Brasil, a expectativa é de crescimento.
Por lá, houve contração de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro
trimestre ante o anterior em sua segunda estimativa. Por aqui, se inicialmente
as previsões eram de desempenho fraco, os analistas têm revisado suas
estimativas e, agora, esperam alta mais intensa da atividade econômica.
O Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta quinta-feira (2) os resultados do
PIB do primeiro trimestre. Na comparação anual, média das análises compiladas
pelo Investing.com é de crescimento de 1,8% sobre um ano antes (esse ritmo era
de 1,6% no 4T21). E a estimativa para primeiro trimestre ante o anterior é um
crescimento em 1,2% ( ante registro de 0,5% no 4T21 ante o 3T21).
Relatório da XP
(SA:XPBR31) aponta que após um início de ano relativamente fraco, a estimativa
atual é de uma alta de 1,4% ante o 4º trimestre de 2021, muito acima das
projeções iniciais de por volta de 0,5%.
“Não pela forte expansão do setor agrícola e pela expressiva variação positiva
dos estoques, mas sim na esteira da reabertura econômica, da recuperação sólida
do emprego, do avanço da renda disponível das famílias e do salto nos preços
das commodities (impulsiona muitos setores exportadores e gera efeitos de
“trasbordamento de renda” sobre outras atividades locais)”, detalha o
documento.
O UBS é outra casa que
elevou a sua estimativa para o PIB no 1T22, de 0,5% incialmente para 1%
atualmente. O banco destaca dificuldades com a obtenção dos dados neste ano, o
que vem atrapalhando as estimativas dos analistas.
Já Banco ABC Brasil
(SA:ABCB4) espera um PIB de 0,7% no 1T, considerando os índices setoriais de
varejo e serviços já publicados pelo IBGE, além da produção industrial e da
estimativa para a safra doméstica de grãos.
Eduarda Korzenowski,
economista da Somma Investimentos, acredita agora que o PIB do primeiro
trimestre pode crescer mais de 1,0%, bem acima das expectativas iniciais que
eram de crescimento de 0,7%. “De fato, os dados do primeiro trimestre
surpreenderam positivamente, principalmente pela recuperação acima do esperado
pelo setor de serviços e pelas medidas de estímulo à atividade econômica
lançadas para o governo”, diz.
Paulo Gala, economista da
Banco Master, estima uma faixa de crescimento de 0,5% a 1% em relação ao 4T.
“Importante lembrar que muita gente esperava uma queda do PIB no primeiro
trimestre deste ano. Na economia americana, o PIB caiu. Então, é uma surpresa
positiva os dados que já vimos do varejo, serviços e indústria, mostrando que o
desempenho do Brasil foi bem melhor do que se imaginava”, detalha. Os dados
devem ser impulsionados pelas commodities de mineração, petróleo, e algumas
áreas de agro, segundo Gala.
Já o Banco Original avalia
que o avanço deve ser de 1,5% ante o trimestre anterior, “influenciado pela
alta do segmento de serviços (que engloba, também, o comércio), com destaque
para os serviços de transporte de carga e outros serviços, que acompanha a
retomada da mobilidade”, completa o economista Marco Caruso.
Recessão global pode
contaminar o Brasil?
O Banco Mundial vem emitindo
alertas sobre os riscos de uma recessão global. Segundo o presidente da
instituição, David Malpass, a guerra da Rússia na Ucrânia e o impacto nas
commodities e fertilizantes podem desencadear uma recessão global. O medo de
uma recessão parece não chegar por aqui. O UBS, por exemplo, prevê um
crescimento do PIB em 1,1% no ano. Segundo o banco, há um grande e inesperado
desequilíbrio entre bens comercializáveis e
não comercializáveis devido
à alta inflação, que estaria afetando o
varejo e os produtos industriais mais do que os serviços. Ainda, gargalos na
oferta global, como interrupções na produção chinesa e na mobilidade do país
asiático, com a política covid zero, afetam o Brasil, que possui correlação
econômica com o gigante.
A economista da Somma não
acredita em recessão neste ano para a atividade econômica brasileira, pois o
primeiro e segundo trimestres devem ser bastante positivos, segundo ela. “Já no
segundo semestre, esperamos uma maior desaceleração da atividade, em função dos
efeitos defasados da política monetária que já se encontra em patamar
contracionista. Para 2023, vemos um cenário de menor atividade, com juros ainda
patamares contracionistas aqui dentro e lá fora, mas também não contemplamos um
cenário recessivo”, reforça.
O Banco ABC Brasil projeta
elevação de 1,2% na atividade econômica no ano, reflexo do desempenho positivo
dos setores ligados às commodities a exportações. A XP revisou a expectativa
para o crescimento do PIB em 2022, de 0,8% para 1,6%. E o UBS apontou em relatório
que, apesar de um primeiro trimestre potencialmente melhor, o risco de
contração abrupta de curto prazo leva os analistas a estimarem média do
crescimento PIB brasileiro em 1,1% em 2022. Se os riscos não fossem tão altos
no 3T, a estimativa poderia ser de 1,5% a 1,6%, de acordo com o documento.
Investing.com
0 comentários:
Postar um comentário