Uma parceria entre a iniciativa privada e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) resultou na primeira colheita de trigo no WhatsApp Image 2020-09-11 at 18.18.50.jpegCeará. O plantio, ainda em fase experimental, produziu a colheita de aproximadamente 9 toneladas de trigo, o que representa uma produtividade de 1,6 toneladas por hectare na primeira colheita. A iniciativa gerou resultado surpreendente em tempo recorde para o agronegócio do estado, já que era improvável que o cereal crescesse em solo cearense.
“Um marco histórico para a
economia do estado e para nosso negócio de trigo e derivados. Tivemos alguns
desafios como adaptar a plantadeira e colheitadeira, buscamos fertilizantes e
remédios próprios para trigo, mas podemos sim dizer que foi um sucesso, não só
pela produtividade como também pelo curto prazo de duração do plantio até a
colheita”, comentou o produtor Alexandre Salles.
A ministra Tereza Cristina
destacou que o Brasil está trabalhando para voltar a ter uma área plantada de
trigo expressiva e ressaltou a importância das novas tecnologias para
agropecuária brasileira. "O Brasil está produzindo trigo no Ceará e com
alta produtividade, superando até lavouras do Sul. Isso mostra que precisamos
estar cada vez mais antenados com a modernidade das novas tecnologias para
vários produtos que podemos usar internamente e, ao mesmo tempo, gerar
superávit para nossas exportações", declarou.
Uma das vantagens da
produção cearense foi o tempo curto entre o plantio e a colheita. O ciclo de
produção no Ceará teve uma duração de apenas 75 dias, enquanto nas principais
regiões produtoras do Brasil o ciclo entre plantação e colheita ocorre entre
140 e 180 dias. O resultado obtido nessa primeira experiência permite prever
uma colheita maior nos próximos anos, o que sinaliza que "temos um
potencial de crescimento muito grande, porque se trata de um trigo de excelente
qualidade, desenvolvido pela Embrapa", afirmou Salles.
O produtor aponta ainda
que a produtividade obtida no Ceará se mostrou superior à da região Sul, que
gira em torno de 2,4 toneladas por hectare, e pouco abaixo da obtida na região
Centro-Oeste, de cerca de 5,5 toneladas por hectare. Salles diz que agora o
plano é fazer alguns ajustes, expandir a área e tipificar novos produtos da
cadeia do trigo. Ele diz ainda que deve continuar fazendo novos experimentos em
outros estados como Maranhão e Piaui.
Apoio da Embrapa favorece
avanço do trigo no Ceará
A Embrapa Trigo, Embrapa
Agroindústria Tropical e o Instituto Federal do Ceará realizaram os primeiros
experimentos de cultivo no Ceará, em 2019 para analisar a viabilidade de
produção do cereal no Estado, considerando as condições de solo e clima.
A pesquisa realizou os
primeiros experimentos com quatro variedades de cultivares BRS264, BRS254,
BRS404 e BR18 para analisar a época mais adequada para semeadura, comportamento
das cultivares, o ciclo e incidências de doenças e pragas.
Foram realizados pequenos
ensaios exploratórios em dois municípios do Ceará, numa região de baixa
altitude e outra de alta altitude para avaliação das cultivares. “O primeiro
resultado foi excelente, o ciclo se fechou em 75 dias e as cultivares que
tiveram melhor performance foi a BRS264 e BRS404, mostrando que o trigo tinha
ampla adaptação para ser cultivado no Nordeste, principalmente no Ceará”,
destacou Osvaldo Vasconcellos, chefe-geral da Embrapa Trigo.
A fase experimental será
expandida com a introdução de outros materiais que ainda estão sendo
pesquisados pela Embrapa. Assim que essa etapa for concluída, esses materiais
serão selecionados e testados em diferentes mercados para estudar a sua
viabilidade para atender a indústria moageira. Com isso, poderão ser gerados
produtos cultivados que sejam adaptados para biscoito, macarrão, trigo
branqueador e panificação.
“O resultado foi muito
promissor, o que deu um grande ânimo à Embrapa porque vemos que os estados do
Nordeste, que têm altitude acima de 600 metros como o Piauí, Ceará, Alagoas e
outras partes dessa região, apresentam boa aptidão e têm condições de
luminosidade e de temperatura que atendem à demanda da produção de trigo”,
comentou Vasconcellos.
Hoje, o Nordeste importa
quase 100% do trigo que consome, proveniente da Argentina, Uruguai, Estados
Unidos, Canadá e Rússia, além de importar de outras regiões do Brasil. Com os
resultados positivos obtidos no Ceará, o Brasil pode equilibrar a balança
comercial em trigo, acrescenta ele. A Embrapa já está realizando pesquisas
experimentais em Alagoas e pretende expandir os estudos para os estados de
Pernambuco, Piauí e Maranhão.
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