Governador do Pará é alvo de operação da PF sobre respiradores


Vladimir Chaves


A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã de hoje (10) uma operação que tem como alvo o governador do Pará, Helder Barbalho, e outras 14 pessoas suspeitas de envolvimento em desvio de recursos públicos na compra de respiradores para o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus (covid-19).

Ao todo, são cumpridos 23 mandados de busca e apreensão no Pará, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo e Distrito Federal. Entre os endereços alvo da operação está o Palácio dos Despachos, sede do governo paraense.

A operação foi autorizada pelo ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Além do desvio de recursos, a investigação apura o crime de fraude em licitação na compra de centenas de respiradores pelo estado do Pará. Segundo a PF, o valor total do contrato por 400 unidades foi de R$ 50,3 milhões, dos quais R$ 25 milhões chegaram a ser pagos por equipamentos que não serviam para o tratamento de covid-19 e acabaram devolvidos.

A suspeita do Ministério Público Federal (MPF) é que os respiradores foram comprados de uma empresa sem registro na Anvisa, com preços superfaturados em 86,6%. A compra foi feita com base em decreto assinado por Barbalho regulamentando as contratações emergenciais em meio à pandemia.

“Indícios já reunidos pelos investigadores revelaram ter ocorrido montagem, posterior ao pagamento, de procedimento de dispensa de licitação forjado para dar aparência de legalidade à aquisição dos respiradores”, informou a PGR por meio de nota.

O próprio governo do Pará divulgou a incompatibilidade dos equipamentos para o tratamento de covid-19 e no mês passado anunciou que os R$ 25 milhões já pagos seriam devolvidos após um acordo com a empresa chinesa fornecedora dos equipamentos.

Para a PGR, porém, Barbalho sabia de antemão sobre a incompatibilidade dos equipamentos e mesmo assim prosseguiu com a compra. O empresário que intermediou a compra dos respiradores teria “relação próxima” com o governador, destacou a procuradoria.

A operação desta quarta-feira (10) foi batizada de Para Bellum, expressão em latim que pode ser traduzida como “preparar-se para a guerra”. A PF disse se tratar de uma referência ao intenso combate aos desvio de recursos durante a pandemia.

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