A determinação do Supremo
Tribunal Federal (STF) para que o senador Aécio Neves (PSDB) seja afastado do
mandato e tenha de se recolher à noite em sua residência está nas mãos de um
Senado cuja metade de seus integrantes está pendurada na própria corte. Dos 81
senadores em exercício, pelo menos 41 respondem a inquérito ou ação penal no
próprio Supremo.
A derrubada da decisão dos
ministros é articulada pelo ex-presidente da Casa Renan Calheiros (PMDB-AL),
alvo de 17 investigações na corte. Outros parlamentares do PMDB e do PSDB
também enrolados na Justiça planejam reverter à ordem do Supremo no plenário do
Senado. Do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), ao líder do
governo, Romero Jucá (PMDB-RR), passando pelo vice-presidente da Casa, Cássio
Cunha Lima (PSDB), também defensor declarado de Aécio.
Condenado à prisão
Também está apto a votar o
senador Ivo Cassol (PP-RO), condenado pelo STF desde agosto de 2013 a mais de
quatro anos de prisão por irregularidades em licitações. Ele segue em liberdade
e no exercício do mandato graças a recursos protelatórios. No ano passado,
Cassol e Aécio votaram pela manutenção da prisão do então colega.
O presidente licenciado do
PSDB responde a nove inquéritos, acusado, entre outras coisas, de receber
propina da J&F – motivo que levou o Supremo a afastá-lo do cargo pela
segunda vez desde maio. O candidato tucano à Presidência da República é
suspeito de crimes como corrupção, obstrução da Justiça e lavagem de dinheiro.
Os pedidos de prisão e
afastamento haviam sido apresentados por Janot em junho. No mês anterior, a
primeira recomendação de prisão foi negada pelo ministro Edson Fachin, relator
da Lava Jato no STF. Na ocasião, Fachin ordenou o afastamento do tucano,
decisão revertida no fim de junho, no último dia de trabalho antes do recesso
do Judiciário, por liminar do ministro Marco Aurélio. O magistrado que recebeu
a relatoria do caso, rejeitou novo pedido de prisão e devolveu a Aécio o
direito de exercer o mandato.
Congresso em Foco
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