Matéria do Jornal o
Estadão, edição deste domingo 28, lista a “elite” dos políticos delatados na
maior operação de combate a corrupção de toda a história da América Latina,
Operação Lava Jato, segunda a matéria do Estadão, 42 nomes aparecem nas duas
maiores delações reveladas pela justiça, às delações da Odebrechte e da JBS.
No grupo de “elite” dos
delatados figura o nome de um paraibano, que é o do ex-senador e atual ministro
do Tribunal de Contas da União, Vital do Rêgo Filho. Na “frente de elite”
consta ainda os nomes do presidente Michel Temer e seus antecessores Luiz
Inacio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Confira a integra da
matéria:
42 políticos aparecem nas
2 megadelações
Relatos de executivos e
ex-executivos da JBS e Odebrecht mostram que ‘elite’ de partidos recebeu até R$
1,2 bilhão em propina ou caixa 1
Entre as centenas de
políticos envolvidos nos processos da Operação Lava Jato há uma “elite” de 42
nomes que apareceram nas duas maiores delações reveladas pela Justiça até
agora: as da Odebrecht e da JBS. Na lista dos citados por sócios e executivos
tanto da empreiteira quanto do conglomerado do setor de carnes estão o
presidente Michel Temer e seus antecessores Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff, além de ministros, ex-ministros, governadores e ex-governadores,
entre outros.
Os integrantes desse clube
de elite teriam recebido, em conjunto, cerca de R$ 1,2 bilhão em propinas e
contribuições oficiais de campanha, segundo os depoimentos dos delatores. O
dinheiro teria sido usado pelas empresas para comprar influência ou como
contrapartida por benesses recebidas do setor público.
No ranking dos valores
recebidos, quem se destaca é o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, mencionado
nas duas delações como intermediário de doações em caixa 2 para campanhas
eleitorais do PT e influente para intermediar operações com fundos de pensão e
o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os depoimentos em que
Mantega é citado o relacionam a quase R$ 450 milhões em repasses. Nessa conta
estão incluídos os US$ 150 milhões – convertidos em reais pela cotação da época
– que o ex-ministro teria operado em nome de Lula e Dilma em contas no
exterior, de acordo com o relato de Joesley Batista, um dos donos da JBS.
O nome de Mantega também
apareceu envolvido em supostos crimes no relato de Marcelo Odebrecht,
ex-presidente da maior empreiteira do País. Segundo ele, o ex-ministro
“azeitou” um esquema para garantir que a Previ, fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil, aprovasse a compra de uma torre comercial e
shopping center em São Paulo da Odebrecht Realizações. O negócio foi fechado em
2012. Em resposta, Mantega disse que a delação de Odebrecht é uma peça de
ficção.
Rio e Minas. O segundo
nome de maior destaque nas delações, em termos de valores implicados, é o do
ex-governador do Rio Sergio Cabral (PMDB). Ele teria recebido cerca de R$ 125
milhões, sendo R$ 98 milhões da Odebrecht.
A seguir, com cerca de R$
96 milhões associados a seu nome, aparece o tucano Aécio Neves, senador
afastado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em razão das investigações sobre a
JBS, ex-governador de Minas e ex-candidato a presidente. Com base nos
depoimentos dos executivos da Odebrecht, foram abertos cinco inquéritos no STF
para investigá-lo – o que o tornou recordista em investigações ao lado do
senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Na delação da JBS, Aécio é
citado em pagamentos de propina disfarçados em operações imobiliárias e de
compra de espaço publicitário. O tucano também aparece em uma gravação, feita
por Joesley, na qual pediu R$ 2 milhões para pagar sua defesa em processos da
Lava Jato. Ao acertar os detalhes de quem buscaria o dinheiro, o senador
afirma: “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação”. A seguir,
indica um primo para fazer a coleta dos recursos.
Atual ocupante da cadeira
presidencial, Temer é o personagem de maior peso político a aparecer nas
delações. Dois episódios citados nas duas delações tiveram como palco o Palácio
do Jaburu, residência oficial dos vice-presidentes. O primeiro foi um jantar no
qual Marcelo Odebrecht teria acertado apoio financeiro ao PMDB nas eleições de 2014.
O segundo, em março deste ano, foi o diálogo entre Temer e Joesley, gravado
pelo empresário, e que mergulhou o governo em sua maior crise.
Defesa. Em nota ao Estado,
o Palácio do Planalto informou que presidente Michel Temer já esclareceu que
sua relação com as empresas Odebrecht e JBS foi “sempre institucional”. “As
eventuais doações de campanha feitas por esses grupos ao PMDB ocorreram de
forma oficial e foram declaradas à Justiça”, diz o texto.
A defesa do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva afirma que sua vida já foi devassada pela Operação
Lava Jato com quebra de sigilos bancário, fiscal e contábil e nenhum valor
ilícito foi encontrado, evidenciando que o petista é inocente.
“Sua inocência também foi
confirmada pelo depoimento de mais de uma centena de testemunhas já ouvidas –
com o compromisso de dizer a verdade – que jamais confirmaram qualquer acusação
contra o ex-presidente.” Sobre as afirmações de Joesley Batista, a defesa
afirma que “não decorrem de qualquer contato com o ex-presidente, mas sim de
supostos diálogos com terceiros, que nem sequer foram comprovados”.
A presidente cassada Dilma
Rousseff afirma, por meio de sua assessoria, que “jamais tratou ou solicitou de
qualquer empresário, nem de terceiros doações, pagamentos ou financiamentos
ilegais para as campanhas eleitorais, tanto em 2010 quanto em 2014, fosse para
si ou quaisquer outros candidatos”.
A assessoria do senador
afastado Aécio Neves (PSDB-MG) não atendeu aos contatos da reportagem. Em vídeo
divulgado nas redes sociais nesta semana, o tucano afirmou: “não fiz dinheiro
na vida pública”.
O presidente do Senado,
Eunício Oliveira (PMDB-CE) chamou de “mentirosos” os diálogos relatados pelo
delator da JBS e afirmou que, ao contrário do que afirmam delatores da
Odebrecht, “não participou de negociações sobre emendas legislativas para
favorecer empresas públicas ou privadas. E não autorizou o uso do seu nome em
supostas negociações”.
Os demais citados negam as
acusações. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do ex-ministro Guido
Mantega.
0 comentários:
Postar um comentário