A votação do projeto que
criminaliza o abuso de autoridade será utilizada pelos congressistas para
tentar silenciar a Lava Jato, afirmou o procurador Deltan Dallagnol,
coordenador da força-tarefa da operação. A afirmação aconteceu em vídeo
publicado em redes sociais.
“Admitir isso é calar de
vez a força-tarefa da Lava Jato e o próprio juiz Sérgio Moro. Não permita que
isso aconteça. Se manifeste contra essa lei, viralize esse vídeo, expresse a
sua indignação, faça a sua voz ser ouvida pelos políticos. Vamos lutar juntos
contra a impunidade e a corrupção”, disse Dallagnol.
O procurador Carlos
Fernando dos Santos Lima reiterou a tese de Dallagnol, ao acusar os políticos
de planejarem uma “vingança”.
“[...] uma comissão do
Senado votará o projeto de lei de abuso de autoridade, proposto pelo senador
Renan Calheiros e relatado pelo senador Requião. Todos nós somos contra o abuso
de autoridade, mas não é isso que está em jogo. Esse projeto promove uma
verdadeira vingança contra a Lava Jato. O que desejam é processar criminalmente
o policial que os investiga, o procurador que os acusa e o juiz que os julga”,
declarou.
O projeto de abuso de
autoridade será reapresentado nesta quarta-feira (19) na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O relator da proposta, senador Roberto
Requião (PMDB-PR), irá apresentar na comissão um substitutivo, baseado em
sugestões ao projeto feitas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Requião pretende reduzir
as resistências aos texto, assinado originalmente por Renan Calheiros
(PMDB-AL), ex-presidente do Senado. O peemedebista tentou acelerar a votação do
texto no final do ano passado, depois de diligências da Polícia Federal nas
dependências do Senado. Alvo de inúmeras críticas à época, Renan teve que
recuar.
Requião nega que o projeto
seja para barrar as investigações da Lava-Jato, ou que a divulgação dos
inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) vá acelerar a votação da
matéria.
“Não estou com pressa.
Podem votar, discutir, a CCJ é que irá ditar o calendário. E não me venham
dizer que sou contra a Lava-Jato. Eu sou um entusiasta da Lava-Jato. Mas também
não sou cego”, disse, declarando preocupação com as delações premiadas.
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