O prêmio “Escola
de Valor e Mestre de Valor” concedido pelo Governo do Estado aos professores da
rede estadual de ensino da Paraíba, não tem encontrado respaldo unanime no meio
sindical da categoria. Enquanto uns elogiam a iniciativa do governador, outros
criticam é o caso do professor e sindicalista Sizenando Leal, que através de “carta pública” afirmou que o “prêmio” não passa de uma tapeação do
governo.
De acordo com
o professor Sizenando, os educadores não têm motivos para comemorar o
recebimento do “prêmio”, já que recebem um salário de miséria. Na carta ele solidariza-se
com os mestres das escolas que não foram contempladas e os aposentados que são
excluídos da “premiação”.
Por outro
lado à professora e também sindicalista, Socorro Ramalho, através de sua pagina
social “Facebook” comemorou e classificou o “prêmio” como um incentivo ao
magistério. Na mesma postagem ela ainda parabeniza o governador Ricardo
Coutinho (PSB), pela iniciativa.
Confira
abaixo a visão dos dois professores sindicalistas:
Sizenando Leal: Prêmio Escola
de Valor e Mestre de Valor é uma tapeação. Comemorar o que?
Convido a todos os professores da rede
estadual de ensino da Paraíba a fazer uma reflexão sobre a concessão dos
prêmios ESCOLA DE VALOR E MESTRE DE VALOR, principalmente os professores que
atualmente estão comemorando o recebimento do 14º e/ou do 15º de forma
eufórica.
A escola onde trabalho foi premiada,
recebi o 14º salário, mas isso não me causa nenhuma alegria, pelo menos euforia
não causa. Me sinto na verdade roubado pelo governo Ricardo Coutinho. Não fiz
nenhum projeto para receber o premio MESTRE DE VALOR nem vou fazer em 2015.
Espero que cada professor seja capaz de
fazer uma leitura critica sobre a realidade salarial, pelo menos. Se recebemos
um salário de miséria como o que recebemos e nos sentimos desvalorizados, como
educador, e não apenas como professor, deveríamos mostrar indignação.
Varias escolas não foram premiadas, a
exemplo do ESTADUAL DA PALMEIRA onde trabalhei de 96 a 2000. Será que
as escolas que não receberam, assim como essa escola não tem valor? E os
professores que fizeram seus projetos, desenvolvem bons trabalhos, a despeito
da falta de condições de trabalho, não foram premiados, como estão
se sentindo?
Essa premiação não passa de um engodo. Uma farsa governamental que tirou direitos dos profissionais da educação e alimenta uma propaganda enganosa. Vou tentar nesse texto, mostrar a realidade que a propaganda esconde. Temos muito que lutar e na luta crescer na consciência para não aceitar esses engodos de governos sem compromisso com a educação do povo.
Em toda a história da Paraíba, muda o
nome do governador e dos partidos que governam, mas não muda o tipo de política
nem o compromisso. Nós professores temos que ser mais do que professor, temos
que ser educadores, que luta pela educação de qualidade, por salário e
condições de trabalho.
O Governo Ricardo Coutinho implantou uma política salarial dentro da lógica de uma política conhecida como meritocracia, copiada de governos de visão neoliberal como os governos do PSDB, do DEM e de partidos que defendem o mercado e suas regras sejam definidoras das políticas sociais do Estado Brasileiro. O Governador Ricardo Coutinho, em 2011, iniciou uma política meritocratica na educação. Os professores e especialistas recebiam uma gratificação (GED/GEAP) correspondente a 40% (quarenta por cento) dos vencimentos que foi substituída por uma gratificação que não desconta para a previdência, e não é incluída na aposentadoria, causando um imenso prejuízo aos profissionais aposentados, a BOLSA AVALIAÇÃO que atualmente é de R$ 325,00 para o nível superior. Alem dessa bolsa, o Governo Ricardo Coutinho, implantou o 14º e o 15º salários, através de dois prêmios, O PREMIO ESCOLA DE VALOR, onde as escolas concorrem através de projetos que se forem aprovados, todos os professores e funcionários recebem um 14º salário. O PREMIO MESTRE DE VALOR, recebe projetos dos professores, que se aprovados recebem mais uma bonificação, o 15º salário.
Com a divulgação dos resultados das
escolas e dos professores contemplados com o 14º e o 15º salários, a euforia de
vários professores que foram contemplados e a tristeza dos que não foram, me
trouxe a preocupação muito grande, razão pela qual construí esse texto.
Como aceitar que uma escola não receba
o premio porque diretores que passaram a tres ou quatro anos deixaram a escola
inadimplente e apesar do esforço de todos não conseguiram superar o problema?
As metas estabelecidas são verdadeiros insultos. A avaliação dos projetos
coletivos para o 14º e individuais para o 15º são avaliados de forma
transparentes? As escolas e os professores não teriam direito de saber os
“defeitos” de seus projetos? Existem diferenças grandes entre os projetos
aprovados e os não aprovados? Dezenas de questões poderiam ser
levantadas, mas não adianta levantar questões em que o problema não está no processo
de avaliação e sim na própria lógica de premiação e de concessão de bolsas como
política salarial. A seguir vou comparar o que cada professor os salários, os
valores que cada professor receberia se a GED tivesse não tivesse sido
criminosamente retirada para ser implantada no vencimento, tomando como
referencia o nível superior.
TABELA DE SALARIOS DOS PROFESSORES COM
A GED (QUE FOI RETIRADA EM 2011)
VENCIMENTO
|
GED (40%
|
TOTAL BRUTO MENSAL
|
ANUAL
|
TOTAL BRUTO ANUAL
|
1.527,00
|
610,80
|
2.137,80
|
28.496,87
|
28.496,87
|
TABELA DE SALARIOS DOS
PROFESSORES INCLUINDO BOLSA AVALIAÇÃO E “PRÊMIOS”
VENCIMENTO
|
BOLSA
|
BRUTO MENSAL
|
BRUTO ANUAL
|
14º
|
15º
|
TOTAL BRUTO ANUAL
|
1.527,00
|
325,00
|
1.852,00
|
24.687,16
|
1.852,00
|
1.852,00
|
28.391,16
|
Qualquer pessoa, mesmo que não entenda
das operações aritméticas simples, concluirá que o Governador Ricardo Coutinho
fez foi uma tapeação, uma manobra para enganar aos professores de pouco (ou
nenhum) senso critico e à população.
Para os professores de escolas que não
receberam o PREMIO ESCOLA DE VALOR, nem receberam o PREMIO MESTRE DE VALOR,
durante o ano, tiveram uma diminuição (pra não dizer outra coisa) de R$
3.704,00, um prejuízo de no mínimo 13,37% do que receberia sem premiação
nenhuma, se a GED/GEAP não tivesse sido retirada.
Se todos os professores de todas as escolas recebessem o premio sem exceção, os salários ainda ficariam R$ 105,71 a menos, mas para os professores e professoras em final de carreira o prejuízo é muito maior.
TABELA DE
SALARIOS DOS PROFESSORES EM FINAL DE CARREIRA (COM A GED (RETIRADA EM 2011)
VENCIMENTO
|
GED
|
SAL. BRUTO MENSAL
|
ANUAL
|
14º
|
15º
|
SAL. TOTAL BRUTO ANUAL
|
1.985,92
|
794,37
|
2.780,29
|
37.061,24
|
-
|
-
|
37.061,24
|
TABELA DE SALARIOS DOS PROFESSORES EM
FINAL DE CARREIRA COM BOLSA AVALIAÇÃO ETC
VENCIMENTO
|
BOLSA
|
BRUTO MENSAL
|
ANUAL
|
14º
|
15º
|
TOTAL
|
1.985,92
|
325,00
|
2.310,92
|
0.804,56
|
2.310,92
|
2.310,92
|
35.426,40
|
O Prejuízo dos professores (as) em
final de carreira, se todos recebessem os dois prêmios seria de R$ 1.634,84.,
equivalente a 4,61%. Mas se no final da carreira, os professores não
receberam nenhum premio, o prejuízo é de R$ 6.256,68; o que equivale
a 16,88% de prejuízo no ano.
Os professores aposentados que não recebem prêmio, pelo contrario, depois de anos de dedicação amargam um enorme prejuízo. Será que os professores que estão euforicamente comemorando a premiação, sabem que os professores aposentados amargam um enorme prejuízo e que um dia cada um de nós, comemorando ou não o premio, iremos nos aposentar com o prejuízo que vou demonstrar a seguir?
TABELA DE SALARIOS DOS PROFESSORES APOSENTADOS
COM A GED ( RETIRADA EM 2011)
VENCIMENTO
|
GED
|
SAL. BRUTO MENSAL
|
ANUAL
|
14º
|
15º
|
SAL. TOTAL BRUTO ANUAL
|
1.985,92
|
794,37
|
2.780,29
|
37.061,24
|
-
|
-
|
37.061,24
|
TABELA DE SALARIOS DOS PROFESSORES
APOSENTADOS – SITUAÇÃO ATUAL
VENCIMENTO
|
BOLSA
|
TOTAL MENSAL
|
TOTAL ANUAL
|
1.985,92
|
0
|
1.985,92
|
25.816,96
|
O Governo Ricardo Coutinho, para os aposentados, foi um verdadeiro carrasco. O prejuízo é de aproximadamente R$ 11.244,28; equivalente a 30,34%. Para pagar as mesmas despesas de um professor aposentado com a GED, mas recebendo o salário atual (com o confisco da GED), esse professor(a) teria dinheiro para pagar as despesas até o dia 11 de setembro, ficando no vermelhos do dia 12 de setembro até 31 de dezembro. ISSO É QUE SE PODE CHAMAR DE ASSALTO!
Sizenando Leal Cruz
Professor da Escola Estadual São
Sebastião
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