O jornal britânico
Financial Times publica na edição impressa desta terça-feira, 30, uma ampla
reportagem sobre a crise na maior estatal brasileira, a Petrobras. Para a
publicação, o suposto esquema de corrupção na petroleira transformou a
companhia que já foi "orgulho do Brasil" em motivo de "vergonha
nacional". O texto destaca ainda a hipótese de a empresa entrar em
"calote técnico" pelos atrasos na divulgação dos resultados
financeiros.
"A Petrobras, que em
2007 era o orgulho do Brasil após anunciar as maiores descobertas de petróleo do mundo em décadas, hoje corre o risco de se tornar um pária entre os
investidores e uma vergonha nacional para os brasileiros", diz o texto do
FT, ao lembrar das denúncias de corrupção que envolvem diretores da empresa e
grandes empreiteiras. A reportagem lembra ainda que Maria das Graças Foster,
que comanda a companhia desde 2012, já teria oferecido o cargo à presidente
Dilma Rousseff.
O FT lembra ainda que,
diante do caso, a empresa tem atrasado a divulgação de números e isso poderia
acarretar situação de "calote técnico". "Se a Petrobras não for
capaz de divulgar os resultados financeiros auditados até 30 de abril, a
empresa, que é uma dos maiores tomadores de empréstimos corporativos do Brasil
com dívida estimada pela agência Moody's em US$ 170 bilhões, poderia
desencadear um default técnico", diz o FT.
O default técnico
aconteceria porque a estatal não consegue cumprir uma das cláusulas previstas
na emissão dos títulos de dívida que é a divulgação de dados financeiros
conforme calendário predeterminado. Na segunda-feira, 29, o Broadcast, serviço
em tempo real da Agência Estado, publicou reportagem que mostra que o fundo de
hedge Aurelius, que esteve nos holofotes do calote técnico da dívida soberana
argentina, lançou campanha para notificar a estatal pelo descumprimento da
cláusula que previa divulgação do demonstrativo financeiro não auditado do
terceiro trimestre 90 dias após 30 de setembro.
"Tudo isso faz parte
de uma tempestade perfeita para a empresa. Críticos dizem que isso é resultado
dos anos de uso indevido da Petrobras pelo governo como um instrumento de
política industrial e monetária em detrimento dos acionistas
minoritários", diz o FT.
0 comentários:
Postar um comentário