Nos anos recentes, o país
acostumou-se com o padrão petista de iniciar e nunca terminar obras dentro do
prazo. O programa criado para acelerar o crescimento do país tornou-se pródigo
em jamais entregar o que promete. Com as investigações do “petrolão”, estamos
vendo que o quadro é mais grave: o cemitério de obras inacabadas também é
superfaturado.
Conforme as investigações
da Operação Lava Jato avançam, vai ficando explícito que a teia de falcatruas
envolvendo obras públicas montada pelo PT e seus aliados vai bastante além da
carteira de encomendas da Petrobras. É algo, para ficar na síntese de um de
seus principais operadores, que se espalha “pelo país inteiro”.
Reportagem publicada pelo
jornal O Globo no sábado forneceu contornos mais nítidos sobre o alcance da
roubalheira. O esquema criminoso de desvio de recursos estruturado a partir da
Petrobras abarca 747 obras públicas e envolve nada menos que 170 empresas,
conforme consta de planilha do doleiro Alberto Youssef apreendida pela Polícia
Federal.
Até agora, trabalhava-se
com a hipótese de a rede de drenagem de dinheiro sujo para alimentar partidos
políticos, o PT à frente, ter movimentado R$ 10 bilhões. Pelo documento
encontrado agora pela PF, o valor é ainda maior: R$ 11,5 bilhões, dos quais 59%
envolvem a Petrobras como cliente final.
Há suspeitas para todos os
lados. Até o programa de concessões pode ter sido pilhado pela quadrilha: obras
em cinco dos aeroportos privatizados pela presidente Dilma Rousseff também
constam das planilhas de Youssef, de acordo com O Estado de S. Paulo, e estão
no foco das investigações do delegado Sérgio Moro.
É nítido, mais uma vez,
que estamos diante da maior organização criminosa que um dia ousou assaltar o
Estado brasileiro. As cifras que surgem a cada dia deixam o mensalão com
carinha de piada de salão – exatamente como Delúbio Soares, o tesoureiro
condenado à prisão por aquelas tenebrosas transações, previra…
No depoimento que deu à
CPI da Petrobras na semana passada, Paulo Roberto Costa disse que as falcatruas
em torno do esquema criminoso envolviam a contratação de obras em “rodovias,
ferrovias, portos, aeroportos, hidrelétricas”. Pelo jeito, o leque é bem mais
amplo e alcança até mesmo obras no exterior, como o porto de Mariel, em Cuba,
viabilizado por meio de secretíssimo financiamento concedido pelo BNDES.
É ruim quando um governo inicia obras necessárias para o país e não as entrega à população. É pior ainda quando, além disso, usa sua carteira de empreendimentos como fonte de dinheiro para a corrupção. O Brasil dos anos petistas tem as duas coisas.
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