O ator Ary Fontoura, publicou
em sua pagina social “Facebook” “carta pública” a presidente Dilma Rousseff
(PT). O ator expressa o sentimento de indignação de uma grande parcela da
sociedade brasileira, que deseja que no segundo mandato da presidente ela possa
renunciar as mazelas que assolam o país.
“Como chefe maior dessa
Nação, como Presidente ou Presidenta, renuncie à corrupção, aos corruptores,
aos corrompíveis, aos corrompidos; renuncie à roubalheira política, aos
escândalos na Petrobras; renuncie à falta de vergonha e aos salários elevados
de muitos parlamentares; renuncie aos altos cargos tomados por ladrões;
renuncie ao silêncio e ao “eu não sabia”; renuncie aos Mensaleiros; renuncie ao
apadrinhamento político, aos parasitas, ao nepotismo...” apela o ator.
Confira a integra da
carta:
Carta à Presidente da
República Federativa do Brasil - Dilma Rousseff
VOTOS DE RENÚNCIA
Meu nome é Ary Fontoura,
sou brasileiro, tenho 81 anos, e exerço o ofício de ator. Acredito que, por
também ser uma figura pública, Vossa Excelência tenha assistido algum dos meus
trabalhos, seja no teatro, no cinema, ou na televisão. Visto que vivemos num
país onde a liberdade de expressão é primazia, venho solicitar, através desta
carta, me utilizando desta rede social, em nome de mais de duzentos milhões de
brasileiros, a sua renúncia. Esforço-me, contudo, em explicar o meu pedido e,
antes, permita-me algumas considerações.
Já vivi o bastante e ao
longo de todos esses anos pude ver um grande número de presidenciáveis que,
desde a Proclamação da República, seja por indicação direta das Forças Armadas,
por movimentos revolucionários, por Golpe Militar, ou por voto direto,
governaram este país. Assim como a Senhora, sobrevivi aos duros Anos de Chumbo
e, confesso, fui um admirador dos companheiros, cujos ideais socialistas
lutaram contra o Regime Militar. Mas, depois de todo esse tempo, ainda aguardo
um grande Presidente para o nosso país. E acrescento que continuaremos sem
tê-lo, enquanto houver um “telefone vermelho” entre Brasília e o Guarujá ou São
Bernardo do Campo.
Em 24 de agosto de 1954, o
Presidente Getúlio Vargas se matou em seu quarto com um tiro no peito. Na
carta-testamento ele registrou: “Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha
morte. Nada temo. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e
saio da vida para entrar na história”, preferindo o suicídio a se submeter à
humilhação que os adversários queriam com a sua renúncia.
Em 1961, o então
Presidente Jânio Quadros, alegando “forças ocultas”, renunciou e disse:
“Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a
mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às
ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém,
esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até
com a desculpa de colaboração”.
No próximo dia 1º, Vossa
Excelência subirá a Rampa do Planalto em direção à governança. No entanto, a
subida será solitária, ainda que partidária e com bases aliadas. Mas saiba que
duzentos milhões de brasileiros, mais uma vez, subirão com a Senhora, na
esperança de se desenvolverem como cidadãos, e de ascenderem coletivamente num
país melhor. Por isso, reforço o meu pedido inicial de “renúncia”.
Como chefe maior dessa Nação, como Presidente ou Presidenta, renuncie à corrupção, aos corruptores, aos corrompíveis, aos corrompidos; renuncie à roubalheira política, aos escândalos na Petrobras; renuncie à falta de vergonha e aos salários elevados de muitos parlamentares; renuncie aos altos cargos tomados por ladrões; renuncie ao silêncio e ao “eu não sabia”; renuncie aos Mensaleiros; renuncie ao apadrinhamento político, aos parasitas, ao nepotismo; renuncie aos juros altos, aos impostos elevados, à volta da CPMF; renuncie à falta de planejamento, à economia estagnada; renuncie ao assistencialismo social eleitoreiro; renuncie à falta de saúde pública, de educação, de segurança (Unidade de Polícia Pacificadora não é orgulho para ninguém); renuncie ao desemprego; renuncie à miséria, à pobreza e à fome; renuncie aos companheiros políticos do passado, a velha forma de governar e, se necessário, renuncie ao PT.
Dizem que o Natal é uma
época de trégua e que em Brasília a guerra só recomeça depois do Ano Novo. Para
entrar na história, porém, não será necessário ser extremista como Getúlio e
Jânio e renunciar a Presidência da República, mas será necessário não renunciar
ao seu país, ao seu povo. Governe com os opositores, governe com autonomia.
Faça o seu Natal ser particularmente inspirador e se permita que a sua história
futura seja coerente com o seu passado, porque o brasileiro tem o coração cheio
de sonhos e alma tomada de esperanças.
Votos de um Feliz Natal!
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