Dieese: Perfil do trabalhador rural brasileiro


Vladimir Chaves

Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) esboça o perfil dos trabalhadores e trabalhadoras ocupados no meio rural e mostra que em 2050 a estimativa é de que somente 8% da população brasileira esteja na área rural, conforme o gráfico abaixo. Se entre 1960 e 1985, o número de ocupados (com 10 anos ou mais de idade) no meio rural brasileiro passou de 15,6 milhões para 23,4 milhões de trabalhadores, a partir de 1985, no entanto, houve contínua redução das ocupações rurais.

Segundo o estudo, os trabalhadores rurais estão mais sujeitos a relações de trabalho sem carteira, que correspondem a 59,4% do total dos vínculos no setor rural, alcançando 77,1% no Norte e Nordeste (máximos) e 41,2% no Centro-Oeste (mínimo). No entanto, a taxa de trabalhadores assalariados sem carteira tem se reduzido ao longo dos anos: entre 2004 e 2013, diminuiu 13,16% ou 1,56% ao ano. Reduzindo-se nesse ritmo, seriam necessários cerca de 50 anos para alcançar o nível da informalidade urbana no ano de 2013 (aproximadamente 27%).

Considerando dados de 2013, o perfil da mão de obra rural é majoritariamente de homens adultos pretos e pardos, com forte queda na participação de jovens no total de ocupados. 31,9% dos assalariados estão em empregos temporários, sendo que, nessa situação, estão 47,2% dos empregados sem carteira assinada, contra 9,5% dos com carteira. Quanto ao nível de instrução, 39,3% dos trabalhadores têm até três anos de estudo e 72,3% até 7 anos de estudo. Quanto aos rendimentos, entre os trabalhadores assalariados informais, 72,3% auferiam rendimento médio mensal de até 1 Salário Mínimo, percentual que cai para 26,7% para trabalhadores com carteira. Apenas 43,6% contribuem para a Previdência (entre os informais essa taxa cai para 5,1%) e apenas 14,6% declararam ser associados de algum sindicato.

As distintas transformações ocorridas no modo de produção, aliadas ao papel estratégico que o Brasil tem adquirido na produção de alimentos e bioenergia, êxodo rural e busca por melhores ocupações têm afetado muito a vida do trabalhador rural. Apesar de alguns indicadores apresentarem melhora na qualidade do emprego rural nos últimos anos, ainda persistem condições bastante precárias em relação aos ocupados rurais em geral, como a grande incidência de trabalho escravo (44% dos trabalhadores resgatados de trabalho escravo estavam no meio rural). Assim, são necessárias políticas específicas que ataquem a informalidade e permitam o acesso aos direitos de moradia, saúde e educação, com enfoque nos trabalhadores rurais.

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