Depois de ouvir a ainda
presidente Dilma Rousseff, no debate da Band, fui dormir, pois não é que sonhei
que estava no país que ela “desenhou” durante o seu “falatório”. Sonhei que
vivia num Brasil sem inflação, com um sistema de saúde pública de causar inveja
ao mundo, onde os pobres passeavam de avião e frequentava a mesma universidade
dos ricos, um país sem injustiças, sem mendigos, sem favelas, sem seca, sem corrupção,
sem impunidade e onde todos dormiam com as portas abertas tamanha era a
eficiência da justiça e dos órgãos de segurança.
Aí, o danado do galo acha
de cantar na melhor parte do sonho, eu acordo e me vejo num país onde o trabalhador
tenta sobreviver com um salário miserável de apenas R$ 724,00, onde a inflação corrói
dia a após dia seu poder compra, num país onde mulheres dão a luz nas calças
públicas e corredores de hospitais, onde amontoam-se milhares de enfermos imploram
em vão atendimento médico, onde o pobre pode levar meses para realizar um
simples exame de sangue, urina e fezes, num país onde o pobre mal consegue
pagar uma passagem de ônibus para ir ao trabalho, num país onde a educação pública
está sucateada e milhões de jovens fazem de conta que estão estudando, que
terão condições de competir no mercado de trabalho com o filho do rico que
estuda nas melhores escolas particulares, num país marcado pelas mais
degradantes injustiças sociais, num país onde os grandes centros estão tomados
por brasileiros órfãos de cidadania, mendigando nas ruas e morando em barracos
e palafitas, um país que assiste atônito a explosão do aprimoramento da
corrupção, um país aonde só preto, pobre e puta vão para cadeia, um país que
chama de herói e solidariza-se com bandidos do colarinho branco, um país onde as
pessoas honestas são obrigadas a fazerem dos seus lares fortalezas, prisões, enquanto
a bandidagem dita as regras das ruas, um país onde as leis na maioria das vezes
é complacente com assassinos, estupradores, ladrões... E injusta com o pobre
trabalhador, um país onde o sistema de segurança pública está perdendo a luta
para o crime organizado.
De toda forma, o sonho foi
tão bom, tão perfeito, tão aprazível que resolvi continuar sonhando com o
Brasil “desenhado” pela presidente, mesmo que acordado, resolvi não desistir do
Brasil, resolvi acreditar que é possível construir o país dos meus sonhos.
Vladimir Chaves