A melodia candente dos
acordes da sanfona anunciou: é São João! “Olha pro céu, meu amor”, que no
firmamento da Rainha da Borborema brilham estrelas multicoloridas e o ribombar
de fogos desenhando sonhos na noite encanta e proclama: é tempo do Maior São
João do Mundo.
O chiado da chinela marca
o arrasta-pé na palhoça, e o coração pulsa no compasso da zabumba. Até mesmo o
dançarino solitário não resiste à toada aguda do triângulo e, braços fazendo as
vezes de um belo par, entra na dança. “Me arraiô / Rastro na areia / Minha
sereia / São João é um amor”.
Um senhor irrequieto,
barba muito branca, chapéu cheio de estilo, toca um coco ritmado e envolve a
todos num carisma irresistível. O gringo, tomado de empolgação, pergunta quem
é. “É Biliu. É de Campina”.
O cheiro se espalha no ar
e vai buscar ainda longe o passante. Quem resiste ao sabor do São João? Tem
pamonha com queijo de coalho. Tem milho verdinho, cozido ou assado. Tem canjica
temperada a canela.
O saudosista lembra –
porque não há como esquecer – dos tempos do Rei Luiz Gonzaga, de Dominguinhos,
de Jackson do Pandeiro, de Marinês. E que saudade! Mas, Gonzagão vive em cada
trio de forró que repete suas canções. Lá está a emoção de Dominguinhos
rediviva na melodia tocante do acordeom. O balanço do pandeiro evoca o “rei do
ritmo”. E tantas vezes se cante “No meu cariri / Quando a chuva não vem”, eis a
“rainha do xaxado”.
É o São João de Campina.
Espetáculo de cores, ritmos e sabores, com 31 anos de história e muita história
a contar. É de Campina, com o jeito do nosso povo, a alegria da nossa gente, a
grandeza de uma cidade que é “única entre muitas”. Pode se chegar! Está só
começando. Serão trinta dias de forró, arrasta pé, cultura popular e muita
nordestinidade.
“O céu estava assim em festa / Porque era noite de São João”. E Campina Grande faz, com muito amor, o Maior São João do Mundo!
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