A crise interna na maioria
dos partidos políticos da Paraíba continua se alastrando feito um rastilho de pólvora.
Agora o “tempo esquentou” nas hostes do Partido Republicano Brasileiro – (PRB),
que é presidido no Estado, pelo deputado estadual, Pastor Jutay Meneses.
Através de uma carta
pública o presidente municipal do PRB de João Pessoa, Sales Dantas, detonou com
o presidente estadual. Na carta ele diz que aprendeu com os pais a não se
misturar com quem não lhes faz o bem, e que por esse motivo estaria se
afastando do Pastor Jutay. Afirma ainda que prima pela honradez e coerência ao
tempo que cobra tais princípios ao presidente do seu partido.
Confira integra da Carta.
CARTA ABERTA À PARAÍBA
Lembro com profunda
clareza as vezes que ouvi de meus pais o atencioso ensinamento: “Não se misture
com quem não vai lhe trazer o bem, meu filho”. Naquele momento, em minha
inexperiência infantil, achava que não passava de uma doutrina momentânea, que
simplesmente tentava me livrar de um crescimento regido por más influências. No
entanto, passei a perceber com os dias que o conselho permaneceu vivo em cada
instante de minha existência, me chamando frequentemente a atenção; evitando
rotas com destinos destrutivos.
Nesses últimos meses de
cismas, desencontros e decepções, resgatei do baú da memória os conselhos de
meus pais. Diante de situações que a cada dia me surpreendiam mais, olhei em
volta e senti a necessidade de fazer a seleção daqueles com quem devo continuar
ladeado.
Desde o momento em que
pela primeira vez estivemos com governador Ricardo Coutinho, com a intenção de
construir um projeto novo para a Pesca e Aquicultura da Paraíba, nós, o Partido
Republicano Brasileiro, firmamos um legítimo compromisso de seguirmos juntos
nesse grande plano de desenvolvimento. Naquele instante, cobramos apenas que
nos fossem abertas as portas da gestão para oferecer nossa contribuição e
experiência. Atrelado a isso, guiados pela voz de nossa autonomia partidária,
deixamos claro naquele instante que, se porventura, durante nossa caminhada,
percebêssemos que a rota fugia do que queríamos para nosso Estado, deixaríamos
o Governo com a mesma coerência com que entramos.
E assim ficou acertado.
O tempo se passou e tudo o
que foi acordado, planejado e ‘exigido’ foi cumprido. Já no ‘Palácio’, nós do
PRB testemunhamos juntos a dedicação de um governante incansável em suas
obrigações de servidor público; um companheiro que em sua seriedade marcante
sempre se postou pronto para ouvir nossos planos e atendê-los dentro das
limitações de um orçamento apertado; um líder sempre disposto a decidir pelo
que entendia como o melhor aos que tem a obrigação de servir, mesmo que lhe
custasse a popularidade tão valorizada por seu adversários.
Diante de tais circunstâncias e cumprimento de tantos compromissos conosco firmados, será que existe razão lógica para dar as costas à essa aliança? Há motivos para não mantê-la? Bem, para o deputado Jutay Meneses há, porém somente ele, na intimidade de seus interesses, pode dizer quais são.
Como sabem todos, não
‘sou’ político, ‘estou’ político. Como jornalista, assim estou por entender que
se tornou uma chance de transmutar minhas palavras (e até queixas) em ações,
com um único objetivo: ver mudar tudo o que sempre me incomodou em minha
trajetória como comunicador.
Apesar de agora estar
contido em um grupo tão marcado por críticas e desconfianças, que para a
opinião pública não passa de ‘uma trupe de corruptos’, entendo que a única arma
à minha disposição para sair ileso dessa má impressão popular é manter viva
minha honradez, a começar pelo cumprimento de meus compromissos.
Ora, caros amigos, oferecemos nossos esforços para construir o Governo e fomos atendidos pelo governador. A nós foi prontamente disponibilizado espaço e voz para agir. Ele confiou em nós. E agora, quando precisa que o ajudemos a continuar seu trabalho (que inclusive somos personagens ativos) lhes dar as costas? É justo, pra não dizer ‘honesto’?
Não quero com essa carta discutir as motivações que levaram o deputado Jutay Meneses a mover céus e terras para abraçar apaixonadamente o projeto político do senador Cássio Cunha Lima. Venho discutir aqui honradez e coerência. Pois é, coerência. Ou esqueceu o pastor Jutay que o PRB (o qual preside no Estado) compõe o Governo da Presidente Dilma, fervorosamente combatido pelo partido do senador Cássio (e por ele mesmo)? Subir no palanque dos que sistematicamente há anos querem derrubar o Governo que abriu os braços ao nosso presidente nacional, o Bispo Crivela, para que déssemos nossa contribuição como partido? Subir no palanque dos que maquinam para por abaixo o governador Ricardo, que sem qualquer objeção nos deu a chance de por em prática nossa capacidade de administrar? Trair os que nos dão as mãos lhe parece coerente, pastor? Em troca de que? Espero que como justificativa não use essa balela batizada pelo senhor como “decisão coletiva”, quando todos sabemos que tudo foi decidido a portas fechadas, alimentada unicamente por interesses unilaterais. Pergunte às colônias de pescadores da Paraíba se o seguem nessa ‘aventura de um homem só’. Pergunte aos presidentes e companheiros de nosso partido em diversas regiões do Estado se estão dispostos a comprar esse projeto apoiado unicamente pelo senhor.
Abraçar o projeto tucano
na Paraíba, pastor, não é apenas um ato de traição ao PRB nacional e ao Governo
da Presidente Dilma, é jogar no lixo tudo o que há anos tentamos imprimir no
eleitorado paraibano como marca de nosso bom caráter e compromisso público.
Sou um homem de honra e
por ser assim, não meço distâncias nem prejuízos para manter meus compromissos.
Aos que pensam diferente disso, repudio com fervor.
Sendo assim, olho mais uma vez para o passado e, lembrando dos conselhos de meus pais, decido distanciar-me do pastor Jutay Meneses.
Com esse desabafo, oficializo o que há muito, desde o instante em que o pastor deixou de lado nosso ideário político, já é sabido de todos: nosso rompimento.
Siga o senador Cássio, deputado, que eu
seguirei minha consciência.
Sales Dantas
Presidente Municipal do PRB
em João Pessoa
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