Neste mês, o PSB confirmou
que a sua chapa para concorrer à eleição presidencial deste ano será encabeçada
pelo ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB). Consequentemente, a
ex-senadora e ex-ministra Marina Silva (Rede) será a vice. No entanto, a seis
meses do pleito, todas as pesquisas apontam que Marina tem mais intenção de
votos do que Campos. O vice ter mais intenções de voto do que cabeça de chapa é
fato que nunca aconteceu nos pleitos presidenciais após a redemocratização.
A situação faz com que
especialistas e membros da Rede acreditem que Campos abrirá mão dos anéis para
não perder os dedos e cederá seu lugar de estrela da companhia para Marina em
nome da vitória. Por outro lado, a tese é refutada pelo PSB.
Marina leva vantagem por
ser conhecida nacionalmente devido à eleição de 2010, quando fazendo uma
campanha mais modesta, em termos financeiros e de arco de alianças, conseguiu
pelo PV 20 milhões de votos. Já Campos tem mais representatividade em
Pernambuco, Estado que o socialista governou de 2006 até o início deste ano.
Ele conseguiu 3,5 milhões de votos no pleito de quatro anos atrás.
A situação, de acordo com o cientista político Rudá Ricci, é uma exceção na história das disputas presidenciais no país. Normalmente, os vices são escolhidos para garantirem características à chapa que o principal nome não tem, mas de forma discreta. “Nenhum vice teve tanta representatividade quanto ela. A Lei Eleitoral permite que o candidato seja mudado a até 20 dias da eleição. Se Campos não começar a subir nas pesquisas, ele terá que ceder seu lugar para Marina, que pode ter mais chances de ganhar”, explicou Ricci.
O estudioso destaca que se
Marina se transformar em cabeça de chapa, a composição do cenário eleitoral
poderá ser drasticamente mudada. Em algumas pesquisas, com essa composição, o
senador Aécio Neves (PSDB) aparece atrás de Marina. O efeito disso, segundo
Ricci, seria um desânimo na candidatura tucana e a volta de Lula ao páreo.
“Marina é peça chave na
eleição. Se ela se tornar candidata, Aécio ficará enfraquecido e pode focar sua
campanha no fortalecimento de seu candidato ao governo do Estado, Pimenta da
Veiga (PSDB). Do outro lado, seria arriscado manter Dilma, e o PT precisaria de
outro fenômeno para combater Marina: Lula.”
Um dos fundadores da Rede
Sustentabilidade em Minas, José Fernando Aparecido de Oliveira, também aventa a
possibilidade de Marina se tornar cabeça de chapa. Para ele, a política é
dinâmica e as verdades absolutas mudam. “Como disse José Maria Alkmin, a
política é como nuvem, e muda de posição a cada instante. O que está em questão
é um projeto de país”, disse Zé Fernando, parafraseando o ex-vice presidente do
Brasil.
O presidente do PSB de Minas, o deputado federal Júlio Delgado, no entanto, é enfático ao afirmar que Campos e o PSB não cederão o espaço da cabeça de chapa a Marina Silva. Para o dirigente partidário, a experiência de Eduardo Campos como governador faz diferença na hora de administrar. “Impossível Marina ser cabeça de chapa. Ela é nossa vice. O PSB acolheu companheiros da Rede para ajudar na campanha. Campos já foi governador. Ele tem mais o perfil de um chefe do Poder Executivo”, ponderou Delgado.
0 comentários:
Postar um comentário