O senador Cássio Cunha
Lima (PSDB), divulgou nas redes sociais neste dia 31 de março, artigo de sua
autoria relembrando os 50 anos do golpe militar.
Confira o artigo:
Ditadura
Com ditadura, não se
brinca! Aprendi desde menino. Ditadura é o comando contrário ao desejo do povo,
a quem se deve o Poder, de quem o poder não sai e através de quem o poder tem
que ser realizado.
Eu sempre me realizei em
casa cheia de gente. Daí, meu afeto por povo! Nasci em eleições e nunca - mas
nunca mesmo - deixei os abraços pelos confortos dos gabinetes, tão comuns às
ditaduras e a seus gestos. Ditadura é tão ruim, que vicia até a vítima, pelo
descrédito na própria força.
Eu era criança, quando meu pai, o Poeta Ronaldo, foi escolhido pelo povo da nossa adorada Campina Grande para conduzir seus destinos na Prefeitura. A eleição foi tão linda quando exigente: o poeta enfrentava um emblema da tradição campinense, mas exibia a renovação e a coragem de enfrentar aquele momento em que o Golpe Militar de 1964 tornava-se ainda mais duro e militarizado.
O poeta venceu!
Na Prefeitura, não passou de alguns dias a esperança do povo.
O Poeta foi cassado com
base no Ato Institucional nº 5, editado no final do ano anterior.
Perdeu o povo campinense a
indicação e o mandato que outorgara nas eleições! Mas, não apenas o povo!
Perdemos também nós: o poeta e a família.
Quando saímos da Campina,
porque não podíamos ficar na cidade, sem riscos à vida – inclusive e
principalmente social -, deixamos amigos, a rua, o bairro...
Lembro, agora, o campinho
do Pé de Jaca, na casa de vovó Nenzinha, onde disputávamos nossas partidas de
futebol, imitando a seleção bicampeã do mundo, com os nomes, símbolos e gestos
dos jogadores.
Quando saímos da cidade,
eu olhei para trás e ainda guardo os rostos de Estélio, do Mago Eduardo, de
Henrique Neguin e de Gilbran Asfora. Ainda hoje, eu os vejo cintilando nas
lágrimas.
Chegamos ao Rio de Janeiro
ainda com lágrimas, com a cultura nordestina, com o sotaque e essas lembranças.
Ainda que a cidade do
exílio pudesse ser nossa, Campina foi deixando de ser lembrança e passou a ser
objetivo. Mas, tudo a custo de muita discriminação, que superamos com a coragem
de quem quer sempre voltar.
Ainda criança, eu aprendi que ditadura não é brincadeira.
Cássio Cunha Lima -
Senador
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