Os ataques ao PMDB e ao deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) predominaram no primeiro debate entre os seis candidatos a presidente nacional do PT, na manhã de hoje (26), em São Paulo. A eleição será em 10 de novembro. Se houver segundo turno, será no dia 24 do mesmo mês.
Nomeado em julho pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para coordenar o grupo de trabalho da Reforma Política no Congresso, contra a vontade do próprio PT, Vaccarezza tem tomado posições divergentes da orientação partidária. O tema da reforma política é uma das principais bandeiras do PT e também foi destaque no debate de hoje.
“Vaccarezza não representa o PT, mas o PMDB. Faz parte de um grupo que sabota a reforma política”, disse Valter Pomar, candidato pela corrente Articulação de Esquerda.
Marcus Sokol, da corrente O Trabalho, afirmou que, se eleito, a primeira coisa que fará é "parar de fazer o jogo da comissão do Vaccarezza e do presidente da Câmara, que não quer mudar nada". Críticas ao deputado também vieram de Renato Simões, da Militância Socialista.
Rui Falcão, atual presidente e candidato à reeleição, não defendeu o deputado das acusações, embora ambos pertençam à mesma tendência interna, a corrente Novos Rumos. Em sua intervenção, Falcão limitou-se a esclarecer que Vaccarezza não representa o PT no grupo de trabalho da Câmara. “Quem nos representa é o deputado Ricardo Berzoini (SP)”, disse.
PMDB
Para Sokol, o verbo sabotar também se enquadra ao vice-presidente da República, Michel Temer, a principal liderança peemedebista em São Paulo. “Temer é sabotador desse governo”, declarou.
As críticas ao PMDB se estenderam à política de alianças, que contrariam as chamadas alas mais à esquerda do PT desde a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002.
Pomar e Simões disseram ser contra alianças, já no primeiro turno, com partidos que não apoiem claramente as reformas estruturais, como a tributária, a das comunicações e a política. No segundo turno, ambos concordam com a necessidade de ampliar apoios.
As alianças estiveram também na fala do deputado Paulo Teixeira, da Mensagem ao Partido. Mais pragmático, ele afirmou que, a partir do PED deste ano e no processo eleitoral de 2014, “é preciso qualificar as alianças”.
Sokol e Serge Serge Goulart, da Esquerda Marxista, bateram mais forte. “A crise de 2005 foi provocada inclusive pelas alianças”, afirmou Goulart.
Sokol lembrou o Projeto de Lei 4.330, de 2004, do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que regulamenta a terceirização, considerado um instrumento de precarização do trabalho, para exemplificar o resultado das alianças com o PMDB.
Segundo ele, “fazer aliança no segundo turno (com partidos que não defendem as bandeiras históricas petistas) é um autoengano, porque é quando se formam as alianças de governo”. Para Sokol, “depois de dez anos de governos do PT, os principais problemas do Brasil, as reformas estruturais, não foram resolvidos”.
Coube a Falcão, candidato do grupo interno majoritário, liderado por Lula, defender a política de alianças. Segundo ele, as conquistas sociais dos últimos 10 anos mostram que a estratégia foi acertada.
Ele citou as vitórias no Congresso na semana passada, quando Câmara e Senado mantiveram os vetos da presidenta da República a projetos como o Ato Médico. O presidente do partido defende a manutenção da aliança com o PMDB, mas “mantendo os princípios” do PT.
Falcão ainda alfinetou o PSDB ao falar da democracia interna petista. “O debate mostra a diferença entre o PT e o PSDB, que não decide se faz as prévias (para definir seus candidatos) ou não, enquanto nós abrimos (o processo de comando do partido) democraticamente com um debate”.
Segundo ele, o PT não está acomodado com as conquistas políticas dos últimos anos. “A palavra de ordem do presidente Lula é: ‘mais pé na estrada e menos bunda na cadeira’”.
Para Renato Simões, cuja militância tem origem nas comunidades eclesiais de base, os governos petistas conseguiram grandes conquistas, “mas é preciso avançar e fazer as reformas política, urbana e tributária”. “Não queremos um PT à sombra do Lulismo nem pegando carona nos movimentos sociais”.
Rede Brasil Atual
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