A violência contra cristãos
na Nigéria atingiu níveis alarmantes em 2025. De acordo com um relatório da
International Society for Civil Liberties and Rule of Law (Intersociety), entre
1º de janeiro e 10 de agosto deste ano, pelo menos 7.087 cristãos foram
assassinados no país. No mesmo período, cerca de 7.800 cristãos foram
sequestrados por grupos extremistas islâmicos e milícias fulani.
Os números revelam uma média
assustadora: 30 cristãos mortos por dia e 35 sequestrados diariamente. No
total, são mais de 14.800 vítimas diretas da violência apenas nos primeiros
sete meses e dez dias do ano.
Contexto do massacre
A Nigéria, especialmente as
regiões norte e central, vive há anos sob a ameaça constante de ataques de
grupos jihadistas como Boko Haram, Estado Islâmico da Província da África
Ocidental (ISWAP) e milícias fulani armadas. Esses grupos têm como alvo principal
comunidades cristãs, destruindo vilarejos, incendiando igrejas e promovendo
execuções sumárias e sequestros em massa.
A Intersociety destacou que
a coleta dos dados foi feita com base em fontes locais e internacionais,
relatórios de agências de segurança, organizações de direitos humanos e
testemunhos de sobreviventes e líderes comunitários.
Comparativo com anos
anteriores
O relatório mostra que a
situação piorou drasticamente. Para se ter uma ideia, a World Watch List 2024
da Missão Portas Abertas apontou 3.100 cristãos mortos e 2.830 sequestrados no
período de 12 meses até setembro de 2024. Ou seja, em pouco mais de sete meses
de 2025, o número de mortos já mais que dobrou e o de sequestros quase
triplicou.
Estados mais afetados
Segundo a Intersociety, os
estados mais atingidos pela violência incluem:
Borno, Adamawa e Yobe —
palco de intensa atividade do Boko Haram e do ISWAP.
Benue, Plateau e Kaduna —
fortemente afetados pelos ataques de milícias fulani.
Nasarawa e Níger — onde
vilarejos inteiros foram esvaziados após ataques sistemáticos.
Consequências humanitárias
Além das mortes e
sequestros, milhares de famílias foram deslocadas internamente, vivendo em
condições precárias em campos de refugiados. Há também relatos de violência
sexual contra mulheres e meninas, além de conversões forçadas ao islamismo.
Organizações internacionais
de direitos humanos têm reiterado apelos ao governo nigeriano para que aumente
a proteção das comunidades vulneráveis e puna os responsáveis. Contudo, a
percepção local é de que há omissão e, em alguns casos, cumplicidade de autoridades.
Um chamado à atenção
internacional
O massacre de cristãos na
Nigéria é, segundo analistas, uma das maiores crises humanitárias e de
perseguição religiosa do mundo atualmente, mas que ainda recebe pouca cobertura
na mídia internacional. Para líderes cristãos e defensores dos direitos
humanos, a falta de reação global agrava o problema.
Como declarou um porta-voz
da Intersociety:
“Estamos testemunhando um
genocídio silencioso, e o mundo não pode continuar de braços cruzados”.