O valor espiritual do silêncio diante da arrogância


Vladimir Chaves

O silêncio, à luz da Bíblia, não é sinal de fraqueza, mas de sabedoria amadurecida. Em um mundo marcado por disputas de palavras, vaidades intelectuais e certezas absolutas, o sábio aprende que nem toda verdade precisa ser defendida em confronto, nem toda provocação exige resposta. “Até o tolo, quando se cala, é tido por sábio” (Provérbios 17:28), ensina a Escritura, revelando que o domínio da língua é uma das maiores expressões de prudência espiritual.

Bater de frente com quem se julga dono da verdade quase sempre resulta em contendas infrutíferas. A Bíblia adverte: “Evita questões tolas e discussões inúteis, pois sabes que produzem contendas” (2 Timóteo 2:23). O sábio discerne que há corações fechados, não por falta de argumentos, mas por soberba. Nesses casos, insistir não edifica, apenas desgasta a alma e enfraquece o testemunho cristão.

O silêncio, porém, não deve ser confundido com omissão covarde, mas entendido como escolha estratégica guiada pelo Espírito. Jesus, diante de falsas acusações, muitas vezes se calou (Mateus 27:12–14), não porque faltassem palavras, mas porque sabia que a verdade não se impõe à força, ela se revela no tempo certo. O silêncio de Cristo foi mais eloquente do que qualquer defesa apaixonada.

Nem todos merecem nossa atenção e paciência, não por desamor, mas por discernimento. O próprio Senhor advertiu: “Não deis aos cães o que é santo” (Mateus 7:6), ensinando que há momentos em que a indiferença piedosa protege o coração e preserva a fé. O sábio entende que sua energia espiritual deve ser investida onde há humildade para ouvir e disposição para aprender.

Assim, o silêncio e a indiferença, quando alinhados com a Palavra, tornam-se respostas sábias diante da arrogância e da insensatez. Não é o silêncio da fuga, mas o silêncio da confiança em Deus, que julga com justiça e conhece as intenções do coração. Falar menos, reagir menos e confiar mais é, muitas vezes, o idioma mais alto da verdadeira sabedoria bíblica.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

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Anunciar o evangelho por obediência, não por vantagem


Vladimir Chaves


“Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!” (1 Coríntios 9:16)

Nos dias de hoje, quando tudo parece girar em torno de visibilidade, curtidas, seguidores e reconhecimento, as palavras de 1 Coríntios 9:16 soam como um chamado à consciência. Nos lembra que anunciar o Evangelho não é palco, nem vitrine, nem meio de autopromoção. É missão. É responsabilidade. É obediência a Deus.

Quando o apostolo escreveu esse versículo ele deixou claro que não pregava para ser admirado, recompensado ou exaltado. Ele anunciava porque havia sido alcançado, transformado e chamado. O Evangelho não era uma opção em sua vida, mas uma imposição divina. Não no sentido de peso opressor, mas de compromisso santo. Para ele, silenciar seria desobedecer.

Essa palavra confronta a realidade atual, onde muitas vezes o Evangelho é tratado como produto, discurso conveniente ou ferramenta para interesses pessoais. Em contraste, Paulo nos ensina que a verdadeira motivação do cristão não deve ser o aplauso das pessoas, mas a fidelidade a Deus. O foco não está no mensageiro, mas na mensagem.

“Ai de mim se não anunciar o evangelho” revela urgência e temor. É a consciência de que o mundo precisa ouvir, de que vidas estão sedentas de esperança, de que a verdade não pode ser escondida. Hoje, anunciar o Evangelho continua sendo uma necessidade, não apenas no púlpito, mas na vida diária: nas atitudes, nas palavras, nas escolhas e no testemunho.

Esse texto nos chama a refletir: temos vivido o Evangelho como obrigação pesada ou como missão recebida com gratidão? Temos anunciado com amor e verdade ou apenas quando é confortável? Paulo nos convida a lembrar que quem foi alcançado pela graça não pode viver indiferente à missão.

Que, em tempos de distrações e superficialidade, possamos recuperar o senso de chamado. Anunciar o Evangelho não é sobre nós, é sobre Cristo. Não é sobre glória pessoal, é sobre obediência. E não é apenas um dever ministerial, mas um compromisso de todo aquele que foi verdadeiramente transformado.

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A Bíblia esquecida nos templos e o avanço silencioso da apostasia


Vladimir Chaves



Nos dias atuais, falar de apostasia não é apenas mencionar um afastamento declarado da fé, mas refletir sobre um silêncio perigoso: o silêncio da Bíblia dentro de muitas igrejas. Não é que as pessoas tenham parado de frequentar os templos; elas continuam indo. O problema é o que encontram quando chegam.

A Palavra de Deus, que deveria ser o centro do culto, em muitos lugares foi colocada de lado. Em seu lugar surgiram conjuntos musicais como atração principal, apresentações ensaiadas, encenações, shows de luzes e sons, e uma programação pensada mais para entreter do que para edificar. O culto, que deveria conduzir à reverência, passou a competir com o palco. O púlpito, que deveria ensinar, muitas vezes se torna apenas um espaço de discursos rápidos, sem confronto, sem profundidade e sem Bíblia aberta.

Isso não significa que a música seja errada. O louvor sempre fez parte da adoração. O problema começa quando o louvor substitui a Palavra, e não quando a acompanha. A música emociona, mas é a Escritura que transforma. Emoção passa; a verdade permanece. Uma igreja pode sair cheia de sentimentos e, ainda assim, vazia de entendimento.

Quando a Bíblia deixa de ser ensinada com clareza, o povo perde o referencial. Sem a Palavra, o pecado deixa de ser chamado pelo nome, o arrependimento se torna opcional e a santidade é vista como exagero. Aos poucos, a fé vai sendo moldada pelo gosto do público e não pela vontade de Deus. É assim que a apostasia se instala: não com portas fechadas, mas com Bíblias fechadas.

Vivemos uma geração que sabe cantar, mas não sabe discernir; que sabe repetir refrões, mas não conhece as Escrituras; que reconhece a voz do cantor, mas não distingue a voz do Pastor. Igrejas cheias de agenda, cheias de atividades, cheias de barulho e, ao mesmo tempo, carentes de ensino bíblico.

A Bíblia não foi feita para ser um acessório do culto. Ela é o fundamento. Quando a igreja troca a exposição da Palavra por distrações constantes, cria-se um cristianismo frágil, dependente de estímulos e incapaz de permanecer firme nos dias difíceis.

O chamado para os nossos dias é simples, embora exigente: voltar à Palavra. Abrir a Bíblia, ler, explicar, aplicar. Não para agradar, mas para confrontar; não para entreter, mas para transformar. Uma igreja pode sobreviver sem palco, sem show e sem aplausos, mas nunca sem a verdade das Escrituras.

Onde a Bíblia volta a ocupar o centro, a fé é fortalecida, o engano é desmascarado e a igreja cumpre novamente sua missão. Fora disso, o que resta é apenas uma reunião bonita, emocional e vazia de eternidade.

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O Espírito Santo e o relacionamento com Deus


Vladimir Chaves

A comunhão entre Deus e o ser humano começa em Deus. Não nasce de um esforço humano, nem de uma busca mística isolada, mas da iniciativa amorosa do próprio Espírito Santo. É Ele quem se aproxima, fala, convence e sustenta essa relação. Como afirma o apóstolo Paulo: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8:16). Essa testemunha interior não é confusa nem subjetiva; ela é clara, firme e segura, porque procede de Deus.

O Espírito de Deus se comunica com o espírito humano de maneira viva e relacional. Não se trata de uma experiência mística desconectada da verdade, nem de algo autônomo, guiado apenas por sentimentos. Pelo contrário, essa comunicação é profundamente bíblica. Deus fala pelo Seu Espírito, revelando Sua vontade, Seu caráter e Seus propósitos conforme as Escrituras. O Espírito Santo não contradiz a Palavra, mas a ilumina, tornando-a viva no coração do crente.

Por sua vez, o homem responde com um espírito sensível e regenerado. Somente um espírito transformado pela graça pode discernir as coisas de Deus, como ensina Paulo em 1 Coríntios 2:10-12. Essa resposta não é de resistência, mas de submissão; não é de confusão, mas de entendimento. O espírito humano, agora vivificado, aprende a ouvir, discernir e obedecer à voz de Deus revelada na Palavra.

Assim, a comunicação entre Deus e o homem é um relacionamento contínuo, sustentado pelo Espírito Santo. Deus fala, o Espírito confirma, e o coração regenerado responde em fé e obediência. É nessa dinâmica santa que o cristão cresce, amadurece e vive com a certeza de que é, de fato, filho de Deus.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

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A Palavra de Deus não foi dada apenas para ser ouvida


Vladimir Chaves


“E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” (Tiago 1:22)

Tiago escreveu sua carta a cristãos que já conheciam a Palavra, frequentavam reuniões e ouviam ensinamentos com regularidade. Ainda assim, ele percebeu um perigo silencioso: pessoas que ouviam muito, mas praticavam pouco. Por isso, sua exortação é direta e pastoral; a fé não pode ficar apenas no campo do ouvir, ela precisa alcançar a vida prática.

Ouvir a Palavra é importante, necessário e bíblico. É por meio dela que conhecemos a vontade de Deus. Contudo, quando o ouvir não é acompanhado da obediência, nasce um autoengano. A pessoa passa a acreditar que está bem espiritualmente apenas porque conhece versículos, participa de cultos ou concorda com o ensino, mesmo que sua vida continue sem mudanças reais.

Tiago chama atenção para esse engano porque ele acontece dentro do próprio coração. Não é alguém de fora que engana o cristão; é o próprio cristão que se convence de que ouvir já basta. A Palavra, porém, não foi dada apenas para informar, mas para transformar. Ela confronta atitudes, corrige caminhos e chama à prática da justiça, do amor e da santidade.

Ser “cumpridor da palavra” significa permitir que aquilo que Deus diz molde decisões, relacionamentos e comportamentos. É viver o que se crê, mesmo quando isso exige renúncia, perdão, humildade ou mudança de postura. A obediência não é o meio de salvação, mas é a evidência de uma fé viva e sincera.

Nesse contexto, Tiago nos leva a uma reflexão honesta: o que temos feito com o que já sabemos? A fé verdadeira não se limita ao momento da escuta, ela continua no dia a dia. Quando a Palavra é ouvida e praticada, ela produz frutos visíveis e revela um coração que realmente pertence a Deus.

Assim, Tiago 1:22 nos lembra que o cristianismo não é apenas um discurso, mas um caminho vivido. A Palavra ouvida deve se tornar Palavra vivida; para a glória de Deus e para a transformação da nossa própria vida.

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Batismo com o espírito e dons espirituais: Fundamentos bíblicos


Vladimir Chaves

Na teologia cristã, a atuação do Espírito Santo na vida do crente pode ser compreendida sob diferentes aspectos. Entre eles, destacam-se a habilitação do Espírito e o batismo com o Espírito Santo. Embora relacionados, esses conceitos não são idênticos e cumprem funções distintas no propósito de Deus para a Igreja.

O batismo com o Espírito Santo está diretamente ligado à entrada do crente na vida cristã. Trata-se da ação soberana de Deus pela qual o Espírito é derramado sobre aquele que crê, selando sua união com Cristo e inserindo-o no Corpo de Cristo. As Escrituras mostram que, ao se arrepender e crer no evangelho, o cristão recebe o Espírito como selo da salvação e garantia da nova vida (Atos 2:38; 1 Coríntios 12:13). Esse batismo marca o início da caminhada cristã, produzindo uma vida transformada, orientada para a santidade, e uma consciência contínua da presença de Deus, visto que o corpo do crente se torna templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19-20).

Já a habilitação do Espírito refere-se à capacitação contínua que o Espírito Santo concede aos crentes para o serviço, o testemunho e a edificação da Igreja. Jesus prometeu que seus discípulos receberiam poder ao descer sobre eles o Espírito Santo, para que fossem suas testemunhas até os confins da terra (Atos 1:8). Essa habilitação se manifesta por meio dos dons espirituais, que são distribuídos conforme a vontade do Espírito, visando o bem comum e o cumprimento da missão da Igreja (1 Coríntios 12:4-11). Assim, profecia, ensino, cura, línguas e outros dons não são fins em si mesmos, mas instrumentos para a obra de Deus.

Uma diferença fundamental entre esses dois aspectos está no propósito. O batismo com o Espírito Santo está ligado à identidade cristã, à união com Cristo e à vida espiritual do crente. A habilitação do Espírito, por sua vez, está voltada para o serviço e a ministração, capacitando o cristão a agir de forma eficaz no Reino de Deus. Também há distinção quanto aos resultados: enquanto o batismo com o Espírito produz transformação interior, santidade e comunhão com Deus, a habilitação do Espírito se evidencia principalmente na operação dos dons e no poder para servir. Além disso, há uma diferença de tempo: o batismo com o Espírito ocorre, de modo geral, no momento da conversão ou logo após, enquanto a habilitação pode se manifestar em diferentes fases da vida cristã, conforme a necessidade e o chamado de Deus.

Em síntese, o batismo com o Espírito Santo e a habilitação do Espírito não devem ser vistos como experiências concorrentes, mas como realidades complementares. O Espírito Santo não apenas nos introduz na vida cristã, unindo-nos a Cristo, como também nos capacita continuamente para viver e servir de maneira frutífera. Reconhecer essa distinção ajuda o crente a compreender melhor sua identidade em Cristo e seu papel ativo na missão da Igreja, sempre dependente da ação viva e constante do Espírito Santo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

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O valor da bênção que não acrescenta dores


Vladimir Chaves



“A bênção do Senhor é que enriquece, e não acrescenta dores.” (Provérbios 10:22)

Muitos medem prosperidade pelo acúmulo de bens, posições e conquistas visíveis. No entanto, a Escritura nos conduz a uma compreensão diferente: nem toda riqueza é sinônimo de bênção, e nem todo ganho produz paz. Em Provérbios 10:22 Salomão, inspirado por Deus, nos ensina que a verdadeira prosperidade tem uma origem específica, ela procede do Senhor.

A bênção de Deus enriquece porque vem acompanhada de descanso interior. Diferente das riquezas obtidas à custa da consciência, da justiça ou da comunhão com Deus, aquilo que Ele concede não traz peso à alma. Não há culpa escondida, medo constante de perder ou inquietação permanente. Pelo contrário, há paz, equilíbrio e contentamento. Como o próprio livro de Provérbios afirma: “Melhor é o pouco com o temor do Senhor do que um grande tesouro onde há inquietação” (Pv 15:16).

Isso nos ajuda a entender que a riqueza mencionada neste provérbio vai além do aspecto material. Ela envolve uma prosperidade integral: emocional, espiritual e, quando Deus assim permite, também financeira. É a harmonia entre o que se tem e o que se é. Por isso, Moisés advertiu o povo a lembrar que é o Senhor quem concede forças para adquirir riquezas (Dt 8:18), deixando claro que a dependência de Deus deve permanecer mesmo em tempos de abundância.

Há conquistas que, embora aparentem sucesso, vêm acompanhadas de dores: lares destruídos, relações quebradas, noites sem paz e um coração vazio. Mas o que vem das mãos do Senhor edifica. Sua bênção não rouba a paz, não escraviza o coração e não afasta o homem de Deus. Antes, fortalece a fé e gera gratidão sincera.

Esse provérbio nos convida a ajustar nossas prioridades. Mais importante do que correr atrás de resultados é buscar o favor de Deus. Jesus confirmou esse princípio ao ensinar: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33). Quando Deus é o centro, a provisão chega no tempo certo e com propósito.

Assim, a verdadeira riqueza não é medida apenas pelo quanto se possui, mas pela paz que se desfruta. A bênção do Senhor permite que o coração descanse, que a consciência permaneça limpa e que a vida glorifique a Deus. Esse é o enriquecer que não acrescenta dores, o enriquecer que vem do alto.

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Quando o Espírito desperta a nossa consciência


Vladimir Chaves

A Palavra de Deus nos conduz a compreender uma verdade profunda e transformadora: existe uma comunhão real e viva entre o espírito humano e o Espírito de Deus. Essa comunhão não é apenas doutrinária, mas experiencial. À luz das Escrituras e da vivência pentecostal, percebemos como o Espírito Santo atua de forma amorosa e contínua, despertando a consciência, gerando fé, renovando a mente e guiando o crente em sua caminhada diária.

Tudo começa na consciência. O Espírito Santo desperta o ser humano para a realidade do pecado e para a necessidade urgente do perdão. Jesus ensinou que essa é uma das primeiras obras do Espírito: convencer do pecado, da justiça e do juízo. Esse convencimento não visa condenar, mas conduzir ao arrependimento e à reconciliação com Deus. Ao mesmo tempo, o Espírito remove a incredulidade do coração e produz fé por meio da Palavra. Assim, aquilo que antes parecia distante ou incompreensível passa a ser crido com o coração e confessado com a boca.

Nesse processo, ocorre a regeneração; o novo nascimento. O espírito humano, antes separado de Deus, é vivificado. Surge o “novo homem”, agora espiritual, com uma mente renovada e sensível à direção divina. A partir daí, torna-se claro por que o homem natural não consegue compreender as coisas espirituais: sem a ação do Espírito, elas parecem loucura. Somente o Espírito de Deus pode revelar as verdades que procedem de Deus.

A regeneração, porém, não é o fim, mas o começo de uma nova jornada. O Espírito Santo assume também um papel pedagógico em nossa vida. Ele nos ensina, nos lembra das palavras de Jesus e nos conduz ao conhecimento das dádivas que Deus nos concede gratuitamente. Por isso, o cristão não pode se acomodar a uma mentalidade moldada pelos padrões deste mundo. Filosofias, ideologias e “novas” teologias tentam influenciar a mente, mas o Espírito nos chama a discernir e a permanecer firmes na verdade.

Essa caminhada exige uma mente continuamente renovada. Viver segundo a vontade de Deus implica consagração, entrega total e comunhão constante com o Espírito Santo. A oração e a leitura das Escrituras tornam-se práticas essenciais, pois nelas encontramos direção, sabedoria e luz para cada área da vida. Não há decisão, desafio ou caminho em que o Espírito não possa nos orientar com segurança.

Quando paramos para ouvir o Espírito, Ele fala ao nosso íntimo. Sua voz traz clareza em meio às dúvidas, paz em tempos de conflito e entendimento para decisões difíceis. Ele ilumina os “olhos do coração”, isto é, o nosso homem interior, capacitando-nos a enxergar além do visível e a compreender as realidades eternas. Assim, passamos a viver conscientes da esperança da vocação que recebemos e das riquezas da herança que Deus preparou para os santos.

Ouvir o Espírito é caminhar na luz. É permitir que Ele forme em nós uma fé viva, uma mente renovada e um coração sensível à vontade de Deus; para esta vida e para a eternidade.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

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Deus não ignora o clamor do oprimido


Vladimir Chaves



“O Senhor é também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de angústia.” (Salmo 9:9)

O versículo nasce de um contexto de lutas reais, perseguições e ameaças, não de uma fé ingênua ou distante da dor. É a declaração de quem experimentou o socorro divino em meio à aflição.

Quando o salmista chama o Senhor de “alto refúgio”, ele aponta para uma segurança que está acima do alcance do opressor. Não é um esconderijo frágil, mas uma fortaleza firme, elevada, onde o injustiçado encontra proteção verdadeira. Enquanto os recursos humanos falham e as portas se fecham, Deus permanece como abrigo seguro.

O texto também deixa claro que esse refúgio é para o “oprimido”. Deus não se coloca ao lado da injustiça nem se mantém neutro diante da dor. Ele se inclina para ouvir quem foi ferido, esquecido ou esmagado pelas circunstâncias. O Senhor vê aquilo que muitos ignoram e age no tempo certo.

Nas “horas de angústia”, quando o coração está apertado e a esperança parece pequena, Deus não se ausenta. Pelo contrário, é nesse momento que sua presença se torna ainda mais evidente. O salmo não promete ausência de sofrimento, mas garante companhia, cuidado e proteção em meio a ele.

Salmo 9:9 nos ensina que confiar em Deus não é negar a dor, mas encontrar descanso mesmo quando ela existe. O Senhor continua sendo refúgio hoje como foi no passado. Para quem sofre, essa palavra é um convite à fé: há um lugar seguro acima da injustiça, e esse lugar é o próprio Deus.

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Jesus Cristo, o Senhor de todos


Vladimir Chaves

Quando Pedro declarou que Deus enviou “o evangelho da paz por meio de Jesus Cristo, que é Senhor de todos”, ele estava atravessando uma fronteira que, por séculos, parecia intransponível. Não era apenas a porta da casa de um gentio que se abria, mas a compreensão de que o agir de Deus não se limita a povos, rótulos ou tradições humanas.

Até aquele momento, muitos criam que a salvação era um privilégio restrito a Israel. No entanto, diante de Cornélio e de sua família, Pedro entende que o coração do evangelho é maior do que qualquer divisão religiosa ou cultural. Deus toma a iniciativa, envia sua Palavra e oferece paz; não uma paz superficial, mas a reconciliação do ser humano com o próprio Criador.

Essa paz só é possível por meio de Jesus Cristo. Não vem das obras, da posição social ou da origem, mas da obra perfeita da cruz. Em Cristo, o inimigo é vencido, o pecado é perdoado e a separação entre Deus e o homem é desfeita. É por isso que Pedro afirma com clareza: Jesus é o Senhor de todos.

Essa declaração muda tudo. Se Ele é Senhor de todos, então ninguém está excluído do chamado, e ninguém está acima da necessidade de arrependimento. Judeus e gentios, religiosos e improváveis, todos estão no mesmo nível diante da graça. A fé cristã deixa de ser um território fechado e se revela como uma mensagem viva, acessível e transformadora.

Atos 10:36 nos convida a revisar nossos próprios limites. Quantas vezes ainda tentamos definir quem pode ou não receber a graça de Deus? O evangelho da paz nos chama a enxergar como Deus enxerga e a anunciar como Ele anunciou: com verdade, amor e sem acepção de pessoas.

Reconhecer Jesus como Senhor de todos não é apenas uma afirmação teológica, mas um compromisso de vida. É viver submetido à sua autoridade e disposto a levar essa paz a todos que cruzarem o nosso caminho.

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