Turbulência: Pix, emendas bloqueadas e mudanças no primeiro escalão


Vladimir Chaves


O início de 2025 tem sido turbulento para o governo, que enfrenta, desde o final da semana passada, a chamada "crise do Pix". O problema foi desencadeado pela publicação da Instrução Normativa (IN) nº 2219/2024 da Receita Federal, que ampliou as regras de fiscalização para movimentações financeiras, incluindo transações digitais realizadas por Pix e cartão de crédito. A medida gerou uma onda de insegurança entre os brasileiros e provocou fortes críticas de parlamentares.

Na prática, a nova norma obriga todas as instituições financeiras que operam no Brasil a reportarem transações à Receita Federal. Anteriormente, essa obrigatoriedade era restrita às instituições responsáveis por consórcios, previdência e seguros.

A principal dúvida, que rapidamente ganhou repercussão nacional, refere-se à possibilidade de novas taxações sobre movimentações realizadas via Pix. De acordo com a norma, os bancos deverão, a cada seis meses, enviar à Receita informações detalhadas sobre transações de contribuintes, tanto pessoas físicas quanto jurídicas. Para pessoas físicas, serão reportadas movimentações que excedam o valor mensal de R$ 5 mil.

Paralelamente à crise provocada pela norma, o Governo enfrenta uma nova demanda relacionada à prestação de contas das emendas parlamentares destinadas às universidades públicas e suas fundações. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, determinou, no domingo (12), que o Ministério da Educação (MEC), a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) apresentem, no prazo de 30 dias, normas ou orientações específicas para a aplicação e a prestação de contas desses recursos.

Repercussão no Congresso

A nova norma da Receita Federal gerou forte repercussão negativa no Congresso Nacional. Parlamentares da oposição criticaram duramente a medida, afirmando que os técnicos da Receita ultrapassaram suas competências ao interferir em questões que deveriam ser deliberadas pelo Poder Legislativo.

Como resposta, o deputado Gilson Marques (NOVO/SC) e o deputado Sargento Portugal anunciaram a apresentação de Projetos de Decreto Legislativo (PDLs) para sustar os efeitos da instrução normativa. No entanto, até o momento, os PDLs ainda não foram formalmente incluídos no sistema da Câmara dos Deputados, evidenciando o início de um movimento legislativo contrário à nova regra.

Mudanças no primeiro escalão

O presidente da República prepara mudanças significativas no primeiro escalão do governo. A primeira foi a substituição no comando da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), com Paulo Pimenta cedendo lugar ao marqueteiro de Lula, Sidônio Palmeira.

Além disso, após 1º de fevereiro, estão previstas outras duas mudanças de destaque para acomodar o senador Rodrigo Pacheco e o deputado Arthur Lira na equipe ministerial. Ambos deixarão as presidências do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, respectivamente.

A expectativa é que Arthur Lira assuma o Ministério da Agricultura, enquanto Rodrigo Pacheco deve ocupar o Ministério de Minas e Energia.

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