Relatório aponta que Brasil avança na eletromobilidade, mas ainda ocupa a 4ª posição entre os países da América Latina


Vladimir Chaves



A Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica apresentará os dados atuais do setor de mobilidade durante o Ampère Ecossistema da Mobilidade Sustentável, no 31 de outubro, às 14h. O evento acontecerá nos dias 30 e 31 de outubro, no Expominas, em Belo Horizonte.

O mercado de veículos eletrificados no Brasil está em expansão, impulsionado por uma alta demanda por mobilidade sustentável e pela expansão da infraestrutura de recarga. De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), as vendas de veículos eletrificados no país superaram as 150 mil unidades já em outubro de 2024, antecipando uma meta projetada apenas para o fim do ano. Apesar desse progresso, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos. O 3º Anuário da Mobilidade Elétrica, uma iniciativa da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME) coordenada pela Fundep, aponta que o país ocupa a 4ª posição na América Latina em eletromobilidade, atrás de Chile e Colômbia, que registram taxas de eletrificação mais elevadas (21,38% e 11,36%, respectivamente), impulsionadas por políticas públicas e incentivos fiscais mais agressivos. O setor de ônibus elétricos também apresenta crescimento, mas permanece limitado, com o Brasil operando 444 ônibus eletrificados, representando apenas 2,15% da frota urbana nas cidades mapeadas, segundo dados da Plataforma E-Bus Radar.

A apresentação do 3º Anuário da Mobilidade Elétrica, um levantamento detalhado que traz à tona o cenário atual do setor, aponta os desafios e as oportunidades para o Brasil avançar ainda mais na adoção de veículos elétricos. A apresentação ocorrerá no dia 31 de outubro, às 14h, durante o evento Ampère Ecossistema da Mobilidade Sustentável, por Lucas Dornelas, membro da Fundep e da PNME.

O avanço do país na eletromobilidade é acompanhado pela expansão da rede de eletropostos, que ultrapassou a marca de 10 mil unidades, em comparação aos 4.600 pontos no ano anterior. Com isso, a infraestrutura de recarga está cada vez mais acessível, permitindo trajetos ininterruptos como o de 3.900 km entre o Rio Grande do Sul e a Bahia com opções de recarga ao longo das principais rodovias. Segundo dados do Anuário, a eletrificação de carros e ônibus elétricos é uma realidade cada vez mais presente no contexto nacional, sendo que nos primeiros oito meses de 2023, o Brasil emplacou 49.052 veículos leves eletrificados, atingindo uma participação de mercado de 4,75% em agosto.

O país, que já conta com mais de 60 milhões de veículos em circulação, está vivenciando um crescimento significativo na adoção de soluções de mobilidade sustentável, consolidando-se como um dos mercados emergentes mais promissores na transição para a eletromobilidade. Além disso, a frota de ônibus elétricos também tem se expandido, com um aumento de 26,5% das vendas de veículos no último ano, refletindo um aumento na adoção de tecnologias limpas no transporte público, posicionando o Brasil em 4ª posição no ranking de maiores frotas da América Latina.

O avanço brasileiro no setor de eletromobilidade é expressivo, mas ainda enfrenta desafios proporcionais ao tamanho e à complexidade do país.

"Estamos fazendo um progresso importante, mas ainda muito modesto quando comparado ao nosso potencial. Para que o setor ganhe escala, é crucial fortalecer a cadeia de valor das baterias e expandir a infraestrutura de recarga, principalmente em áreas mais afastadas. São muitos os desafios que envolvem diversos players como Governo Federal, empresas, consumidores, Prefeituras, entre outros", ressalta Lucas Dornelas.

O anuário revela ainda que, entre as capitais, São Paulo lidera o número de emplacamentos de veículos eletrificados leves, com 8.456 unidades, seguida por Brasília (3.002), Rio de Janeiro (2.363) e Belo Horizonte (1.757). “Esse movimento sinaliza que os grandes centros urbanos brasileiros estão se posicionando como os principais polos de crescimento da eletromobilidade, refletindo o avanço de uma tendência global: a busca por soluções de mobilidade que reduzam as emissões de carbono e promovam maior eficiência energética”, explica Lucas Dornelas.

Diversificação do mercado de veículos eletrificados no Brasil impulsiona crescimento

Outro dado relevante do Anuário revela que, nos últimos cinco anos, o mercado de veículos eletrificados no Brasil passou por uma transformação significativa. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o país conta atualmente com cerca de 40 montadoras oferecendo mais de 250 modelos de veículos leves eletrificados. Em 2018, essa oferta era limitada a menos de 20 modelos, todos importados e destinados a consumidores de alta renda. Esse expressivo aumento na variedade de opções não apenas reflete uma maior acessibilidade, mas também destaca a diversificação do mercado produtor de veículos elétricos no Brasil.

Para Dornelas, representante do PNME, a ampliação do portfólio de veículos eletrificados é um fator essencial para acelerar a transição energética no setor de transportes. "A evolução do mercado de eletrificados, que passou de uma oferta restrita a uma variedade robusta de modelos, demonstra como o Brasil está ampliando o acesso a tecnologias limpas para diferentes perfis de consumidores. Hoje, temos veículos que atendem desde o público premium até opções mais acessíveis, o que fortalece o ecossistema de mobilidade sustentável no país", analisa Dornelas.

Lucas também destaca a importância de considerar as diferentes rotas tecnológicas no contexto da transição energética. "Seja para montadoras de veículos leves ou pesados, há diversas estratégias tecnológicas a serem exploradas. O que vemos no Anuário é que as empresas estão não apenas substituindo seus portfólios de veículos com motores de combustão interna (ICE) por veículos 100% eletrificados (BEV), mas também considerando outras opções. O cenário brasileiro oferece uma multiplicidade de rotas tecnológicas para a descarbonização, refletindo a complexidade e as oportunidades do nosso mercado", explica.

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