Até o jornal Estadão condenou a anulação das condenações de Dirceu: ‘Festim da impunidade’


Vladimir Chaves


No editorial desta quarta-feira, 30, o jornal O Estado de S. Paulo condenou à ação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que resultou na anulação das condenações do ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu. A iniciativa de foi descrita pelo Estadão como um “festim da impunidade”.

“Os ‘editores de um país inteiro’, como disse o ministro Dias Toffoli a propósito do Supremo Tribunal Federal (STF), não descansam em seu propósito de reescrever a história do Brasil”, escreveu o jornal.

O Estadão, ao defender a argumentação da impunidade, recorda dos esquemas envolvendo o petista Dirceu, referido como a “face mais notória da era de corrupção lulopetista”. As sentenças de José Dirceu, resultantes do Mensalão e do Petrolão, ultrapassaram 30 anos de detenção.

As condenações de Dirceu foram confirmadas por duas instâncias, muito além da primeira instância de Sergio Moro, que reconheceram as provas documentais dos crimes.

Ele recebeu uma sentença de dez anos de prisão no Mensalão; no Petrolão, foi sentenciado a 23 anos de prisão, com condenações confirmadas por duas instâncias. As evidências documentais substanciais de seus crimes foram reconhecidas.

Dirceu, ‘guerreiro do povo brasileiro’

O jornal ainda debocha do apelido de José Dirceu, “guerreiro do povo brasileiro”, e o estende aos envolvidos nos escândalos de corrupção.

“A tese do ‘conluio’ contra ‘guerreiros do povo brasileiro’, como Dirceu e seus amigos empreiteiros, é tão abstrata que atinge até processos que nada têm a ver com 13.ª Vara Federal de Curitiba”, afirmou. “Como os acordos de leniência firmados entre a J&F e o Ministério Público Federal.”

A análise do Estadão sugere que Sergio Moro pode ser considerado suspeito nos casos de Luiz Inácio Lula da Silva, mas enfatiza que “não se corrige um erro com outro”. Em abril, a Procuradoria-Geral da República (PGR) se posicionou contra o pedido feito pela defesa de Dirceu. No entanto, esse mesmo pedido foi aceito por Gilmar Mendes.

“Certa vez, num dos muitos convescotes promovidos por lobistas mundo afora, uma mulher perguntou a Gilmar Mendes se ‘o crime no Brasil compensa’”, escreve o jornal na conclusão do texto. “Visivelmente constrangido, o ministro respondeu: ‘Não sei’. A resposta que está sendo exarada pela Corte agora é bem mais assertiva.”

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