A volta do “capitalismo dos companheiros”


Vladimir Chaves



Como todo partido de extrema-esquerda, o PT é historicamente avesso ao livre mercado. Recentemente, Gleisi Hoffmann, presidente do partido, deu o tom sobre nível ideológico da companheirada ao compartilhar nas redes sociais uma série de pensamentos em homenagem ao comunista Lênin e à ditadura soviética, a mais brutal da história.  Na prática, o desprezo pela criação de riqueza dá lugar ao casamento entre obscuros interesses públicos e privados. O petismo discursa como se o Muro de Berlim ainda estivesse de pé, mas age com virulenta cobiça em relação ao capital privado alheio. O capitalismo de compadrio é o jeitinho encontrado para desfrutarem ao máximo do dinheiro dos outros. É o capitalismo dos companheiros. Infelizmente, não faltam parceiros dispostos a compor esse consórcio que dilapida recursos públicos.

Apesar da fachada de hostilidade em relação à riqueza, há um aspecto do capitalismo que o Partido dos Trabalhadores aprendeu a gostar: o dinheiro de grandes empresários. Incapazes de colocarem em prática a sonhada socialização dos meios de produção, que estava nas origens do partido, o PT mudou de estratégia, atuando pragmaticamente para perpetuar-se no poder. Desde o primeiro governo Lula, se alia a um seleto grupo de capitalistas, que apoiam o partido em troca de benefícios e privilégios. O capitalismo de compadrio, que não foi concebido no país, foi reinterpretado na lógica petista com a invenção do capitalismo dos companheiros.

A política dos “campeões nacionais” foi a principal expressão dessa mudança. Pela primeira vez no comando do governo federal, o PT rapidamente entendeu que era muito mais fácil – e lucrativo – associar-se  a um grupo de empresários do que combatê-los. A partir do final do segundo mandato de Lula, e ao longo do governo Dilma, o PT se utilizou dos bancos públicos, principalmente do BNDES, para conceder financiamentos e subsídios a grandes empresas em setores “estratégicos”. Sabe-se que de estratégicos nada tinham, senão a estratégia de manter um partido no poder por meio do “toma lá dá cá”. Estima-se que, entre 2007 e 2016, o BNDES tenha desembolsado aproximadamente R$ 400 bilhões em financiamentos com taxas de juro subsidiadas para as campeãs nacionais.

Todas as análises econômicas dão conta da absoluta tragédia aos cofres públicos causada pela política das “campeãs nacionais”. Calotes, prejuízos, corrupção, falta de transparência, enfim, todo o elenco de maldades para encher o bolso de uns poucos e socializar as perdas com os brasileiros.

Dentre os maiores beneficiados, desde sempre, estão os irmãos Wesley e Joesley Batista, donos da JBS. Até 2006, sua empresa não figurava entre as 100 maiores do país. A partir de 2007, com o apoio do BNDES às “campeãs nacionais”, o crescimento foi vertiginoso. E o governo não contentou-se em emprestar 2 bilhões de reais aos irmãos. Outros 8 bilhões foram investidos na compra de ações da empresa. Sim, o governo tornou-se sócio do negócio.

Uma bondade deste tamanho não vem de graça. Em delação premiada, em 2017, Joesley Batista relatou ao Ministério Público que transferiu 150 milhões de dólares para contas no exterior beneficiando as campanhas de Lula e Dilma. É assim que opera o capitalismo dos companheiros: um toma-lá-dá-cá descarado, em que uma empresa cresce e lucra e um partido se mantém no poder.

Com os mesmos nomes de volta ao poder, a história se repete. A Âmbar, empresa do setor de energia dos irmãos Batista, comprou 12 usinas termelétricas da Eletrobrás. Ninguém no mercado entendeu o negócio, visto que estas usinas tinham dívidas na casa dos R$ 9 bilhões de reais, que deveriam ser assumidas pelos compradores. 3 dias depois, tudo fez sentido: uma Medida Provisória do governo Lula repassou essa dívida à conta de luz de todos os brasileiros, a ser paga pelos próximos 15 anos. Mais uma vez, os amigos do rei saem ganhando. Mais uma vez, o ganho deles é prejuízo para o povo. 

O NOVO sempre combateu essa forma nefasta de enriquecimento. Um requerimento do NOVO no Congresso mostrou que o presidente da Âmbar se reuniu 17 vezes com o Ministro de Minas e Energia antes da edição da MP que beneficiava a empresa. Também convocamos o Ministro a dar explicações sobre o caso.

 

Fonte: Editorial do NOVO

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