Os índices de produção e
exportação dos produtos químicos de uso industrial tiveram forte queda em 2023
— 10,1% e 10,9% respectivamente, segundo dados da Associação Brasileira da
Indústria Química (Abiquim). Com a redução da demanda local, a importação dos
produtos químicos cresceu, chegando ao índice mais alto dos últimos 30 anos —
47% de todo o mercado é ocupado por produtos que vêm de fora.
Além disso, o consumo
aparente nacional (CAN), que é calculado pela soma da produção com a
importação, menos a exportação, caiu 1,5% em 2023, em relação ao ano anterior.
O que para Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e
Estatística da Abiquim, reflete na dificuldade de operação do setor.
“Nós estamos rodando num
nível extremamente baixo de uso da capacidade e, para um segmento que opera em
regime de processo contínuo — como é o da indústria química — a gente não
consegue rodar muito abaixo de um determinado patamar. Estamos beirando o
limite.”
A diretora explica que o
setor vem rodando “a baixa carga”, ou seja, com apenas 64% da capacidade. Isso
impacta também no aumento do custo unitário da produção, gerando um custo
unitário maior do que a concorrência. Além de maiores emissões de gases
poluentes, o que vai na contramão da indústria atual.
Ação emergencial e alto
custo Brasil
Todo esse cenário de queda
da produção da indústria química nacional no ano passado teve impacto na
arrecadação. A perda, segundo a Abiquim, foi de quase R$ 8 bilhões em
arrecadação de impostos federais. Para a diretora Fátima Coviello, a falta de
competitividade do setor vem de uma questão estrutural e estão relacionadas ao
custo Brasil.
“O custo da energia, que é alto no Brasil — sobretudo os encargos que incidem sobre a energia e que não são razoáveis na comparação com outros países. Além do preço do gás natural — usado para fins energéticos e como matéria-prima — que aqui é cerca de quatro vezes mais caro que o praticado nos Estados Unidos.”
A associação entende que é
preciso uma ação emergencial — como a implementação da lista transitória de
elevação das alíquotas de importação. Só assim, haverá tempo de produzir efeito
nas agendas estruturais.
“A manutenção do quadro
internacional atual, associado à elevada ociosidade e às crescentes
importações, pode comprometer o parque instalado, trazendo consequências
desastrosas ao País, que podem resultar em desativações de unidades, perdas de
postos de trabalho e menor arrecadação de impostos pelo setor químico, que é
atualmente o primeiro no pagamento de tributos federais”, explicou a diretora
da Abiquim.
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