Uma conta de água mais
cara para todos os brasileiros. É isso que prevê um estudo feito pela
Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços
Públicos de Água e Esgoto (ABCON SINDCO) com a aprovação final do texto da Reforma Tributária, que já
foi votado na Câmara dos Deputados — e aguarda a aprovação definitiva do texto,
no final de outubro deste ano, para se tornar realidade.
O documento que aponta a
perspectiva de aumento da conta de água, com a Reforma Tributária, foi
apresentado durante um debate com representantes das instituições ligadas ao
setor de saneamento com parlamentares em Brasília. O impacto que a Reforma
Tributária teria no saneamento giraria em torno de 18%, segundo o estudo. O
que, na prática, "geraria uma contração nos investimentos no setor",
como explica o professor da FGV Gesner Oliveira. "Se nada for feito, a
universalização dos tributos inviabilizaria os serviços de saneamento pelas
empresas."
O senador Eduardo Gomes
(PL-TO), autor da Emenda Constitucional 114, que propõe a neutralidade de
impostos para o setor de saneamento, está confiante na edição do texto.
“É preciso que o status
tributário seja, pelo menos, o mesmo de hoje. E como a gente sabe que o
investimento em saneamento tem reflexo imediato na saúde, a emenda tem sido
recebida com bastante simpatia pelo setor, pelo relator Eduardo Braga (MDB-AM)
e a gente entende que vai conseguir êxito nessa aprovação.”
Na contramão do que propõe
a Reforma Tributária
Hoje, segundo Alexandre Figueiredo, professor no Programa de Pós-Graduação em Integração da América da USP, os impostos que incidem sobre as empresas que atuam no setor de saneamento são a soma do PIS/Pasep e Cofins — um total de 9,25% em cima da receita bruta dessas empresas. No cenário futuro, pós-reforma, essa alíquota subiria para 27%, o que faria mais que dobrar o valor dos tributos cobrados pelo setor.
Para o pesquisador, o
primeiro impacto seria o aumento das tarifas para o consumidor. Num segundo cenário, as companhias estaduais
de saneamento reduziram o lucro para amortizar o impacto do aumento. Valor que
teria que sair dos investimentos do setor, isso giraria em torno de 50% em
perda de investimento. O que impactaria, principalmente, nas populações mais
carentes.
“Significa reduzir o
esforço na construção de obras que levem a rede à casa das pessoas, Menos esgoto,
menos água, menos diminuição desse déficit — que ainda é bastante significativo
no Brasil. Na prática é isso, ou uma tarifa ainda mais cara para os que já têm.
Nem chegaria nas pessoas que ainda precisam — e quem tem, ainda pagaria uma
tarifa mais alta nessa situação.”
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