Mesmo rendendo mais que a
inflação, a aplicação financeira mais tradicional dos brasileiros enfrentar
fuga recorde de recursos. Em janeiro, os brasileiros sacaram R$ 33,63 bilhões a
mais do que depositaram na caderneta de poupança, informou hoje (6) o Banco
Central (BC).
A retirada líquida (saques
menos depósitos) é a maior para todos os meses desde o início da série
histórica, em 1995. O recorde anterior foi registrado em agosto do ano passado,
quando os correntistas sacaram R$ 22,02 bilhões a mais do que depositaram.
Em 2022, a caderneta
registrou fuga líquida (mais saques que depósitos) recorde de R$ 103,24
bilhões, em um cenário de inflação e endividamento altos. Os rendimentos
voltaram a ganhar da inflação por causa dos aumentos da taxa Selic (juros
básicos da economia), mas outras aplicações de renda fixa são mais atraentes
que a poupança.
Em 2020, a poupança tinha
registrado captação líquida (depósitos menos saques) recorde de R$ 166,31
bilhões. Contribuiu para o resultado a instabilidade no mercado de títulos
públicos no início da pandemia de covid-19 e o pagamento do auxílio
emergencial, que foi depositado em contas poupança digitais da Caixa Econômica
Federal.
A fuga líquida em janeiro
equivale a quase o total da diferença entre saques e depósitos em 2021. Naquele
ano, a poupança tinha registrado retirada líquida de R$ 35,5 bilhões. A
aplicação foi pressionada pelo fim do auxílio emergencial, pelos rendimentos
baixos e pelo endividamento maior dos brasileiros.
Rendimento
Até recentemente, a
poupança rendia 70% da Taxa Selic (juros básicos da economia). Desde dezembro
do ano passado, a aplicação passou a render o equivalente à taxa referencial
(TR) mais 6,17% ao ano, porque a Selic voltou a ficar acima de 8,5% ao ano. Atualmente,
os juros básicos estão em 13,75% ao ano, o que fez a aplicação financeira
deixar de perder para a inflação pela primeira vez desde meados de 2020.
Nos 12 meses terminados em
janeiro, a aplicação rendeu 8,06%, segundo o Banco Central. No mesmo período, o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor-15 (IPCA-15), que funciona como prévia
da inflação oficial, atingiu 5,87%.
O IPCA cheio de janeiro
será divulgado na próxima quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
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