A atual crise econômica e
sanitária foi destaque na fala das autoridades árabes que participaram do 4º
Fórum Brasil-Países Árabes, no dia 4 de julho, em São Paulo. Hossam Zaki,
secretário-geral adjunto da Liga Árabe, destacou que o momento pelo qual o mundo
ainda passa incrementou o nível de desafios e, ao mesmo tempo, colocou novas
oportunidades, como por exemplo a Guerra da Ucrânia. De acordo com ele, o
cenário gerou uma lacuna no fornecimento de trigo e assim mais países foram
procurados para parcerias.
“Árabes e brasileiros
podem e devem se beneficiar do contexto atual e propor oportunidades para ambos
expandirem seus negócios. Interessante notar que, mesmo em anos difíceis, a
relação árabe-brasileira de intercâmbio comercial chegou a 24 bilhões de dólares,
aumento de quase 45% comparando os números de 2019 e 2020”, disse Zaki.
De fato, as exportações
para países árabes superaram os U$14 bilhões e as importações, a quase
atingiram U$10 bilhões. “Esses números provam a força das relações econômicas
entre Brasil e os países árabes, ora com produtos e serviços que fornecemos ou
que nos fornecem, como as commodities, proteínas halal, indústria têxtil,
insumos como fertilizantes e tantos outros. É necessário aproveitar todas as
oportunidades para elevar nossa parceria aos mais altos níveis de excelência”,
complementou Zaki.
Youssef Hassan Khalawi,
secretário-geral da Câmara Islâmica de Comércio, Indústria e Agricultura,
refletiu sobre o tema desta edição, `Legado e Inovação´, afirmando que a
convivência entre os povos não teve início apenas com a imigração dos árabes ao
Brasil. “Os livros de história já mencionavam a travessia pelo ‘mar da
escuridão’ [Oceano Atlântico] com a chegada dos fenícios antes de Cristo nas
costas brasileiras. Então desde sempre existe essa presença dos árabes, seus
costumes, tradições e o comércio justo para ambas as partes. Tudo isso compõe
essa relação de admiração mútua”.
Khalawi afirmou que o
Brasil é um grande parceiro na segurança alimentar de 420 milhões de árabes e
que estão construindo uma relação ainda mais próxima, dinâmica e estratégica.
Entre os avanços, ele citou o módulo de despacho documental Easy Trade, da
Câmara Árabe, que permite a validação de documentos de carga de forma digital,
sem papel e em prazo antes impensável de dois dias. “Menos burocracia, mais
vantagens para todos. Também acompanhamos com satisfação a abertura de
escritórios regionais [da Câmara Árabe] em cidades-chave como Brasília, Itajaí,
Dubai, Cairo e em breve, possivelmente, em Riade”, adicionou.
Sameer Abdulla Nass,
presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Bahrein, enfatizou a
necessidade de linhas marítimas diretas entre Brasil e mundo árabe para um
comércio ainda mais efetivo e que agregue valor a investidores e exportadores.
“O Brasil tem uma importância imensurável para nós porque é uma porta de
entrada para América Latina. Temos a certeza de que todas as negociações em
torno de melhores linhas marítimas elevarão a nossa relação a patamares
inimagináveis comercialmente falando”, colocou.
Para Nass, as crises devem
ser encaradas como oportunidades múltiplas em vários setores. “É necessário que
a gente trabalhe com muito esforço, na mesma linguagem e direção. Quanto maior
a nossa cooperação para atingir avanços importantes, como o marítimo, melhores
serão as decisões das empresas sobre investimentos e integração comercial nos
próximos anos”.
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