Pecado de eleitor cristão que vota em candidato pró-aborto é mais grave, diz bispo goiano


Vladimir Chaves



O bispo de Formosa (GO), dom Adair José Guimarães, fez um alerta sobre candidatos na política que defendem a legalização do aborto. “Não cabe ao homem e, tampouco, ao ente político, definir quais vidas devem ser eliminadas como não cabe aos mesmos a criação de quaisquer vidas”, disse. Segundo o bispo, no caso de um “eleitor cristão, a gravidade do pecado, no ato de escolher um candidato que defende o aborto, é ainda mais grave”.

Sem mencionar diretamente nenhum político, dom Adair José Guimarães convocou os católicos a estar “atentos a candidatos na política que defendam a legalização do aborto, pois, não podemos ter como representantes aqueles que promovem, nos discursos, o assassinato de inocentes como questão de saúde pública”.

Nas últimas semanas, o pré-candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto divulgadas até agora, defendeu em duas ocasiões o aborto. Em uma entrevista em 24 de março, Lula declarou que pessoalmente é “contra o aborto”, mas como “chefe de Estado”, precisa “tratar o assunto como saúde pública”. Durante um evento no dia 5 de abril, o petista voltou a defender que o aborto “deveria ser transformado em uma questão de saúde pública e todo mundo ter direito”.

O bispo de Formosa afirmou que atualmente “vislumbra-se” uma “retomada da promoção da lógica da morte, através do incentivo e promoção da prática do aborto com amparo jurídico em diversos lugares do mundo, bem como nos discursos de lideranças políticas influentes”.

Dom Adair recordou a recente aprovação do aborto até a 24ª semana de gestação na Colômbia. Ele disse que, no Brasil, há “o risco de acontecer o mesmo”, porque “um partido abortista já provocou a Suprema Corte com a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n. 442, buscando a descriminalização do aborto pela via judicial, visto que o tema não passa na Câmara Federal”. A ADPF 442 foi protocolada pelo PSOL em 2017 no Supremo Tribunal Federal (STF) e pede a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.

Segundo o bispo de Formosa, “a revolução cultural materialista em curso, ao longo das últimas décadas, favoreceu a disseminação de uma falsa compreensão da pessoa humana como um todo, relativizando a consciência moral e desumanizando o ser humano”. “Essa revolução tenta favorecer a compreensão de que o brado contra o aborto se trata de uma visão apenas religiosa, prescindindo o debate da sã filosofia e da própria lógica, tentando criar uma espiral do silêncio quanto a este assunto”, disse.

Entretanto, afirmou, “a defesa da vida desde sua concepção até seu declínio natural extrapola a questão religiosa”. “O direito à vida tem por fundamento a lei natural”, que “é um conjunto de normas que já nascem incorporados ao homem, independente de existência de crenças ou religião”, declarou dom Adair.

Dom Adair fez um chamado a, por um lado, estar atentos a grupos que tentam impor a “cultura da morte” e a “matança dos inocentes ainda no ventre materno” e, por outro, unir forças aos grupos pró-vida. “A consciência da inviolabilidade da vida humana representada no direito do nascituro à vida seja nossa motivação para ajudar a promover a ‘cultura da vida’, o dom da maternidade e a proteção dos pequeninos de Deus”, disse.

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