Mostrar as belezas da
arquitetura Art Déco de Campina Grande e alertar para a necessidade de
preservação e valorização desse importante patrimônio. Esses são alguns dos
objetivos do projeto “Déco em Movimento”, de autoria do jornalista e fotógrafo
Jorge Barbosa, que tem como produto final a realização de uma exposição
fotográfica. A mostra está marcada para o dia 30 de julho, na Galeria de Artes
Irene Medeiros, no Teatro Municipal Severino Cabral.
O projeto foi contemplado
pela Lei Emergencial Cultural Aldir Blanc do Governo Federal (Lei 14.017/2020),
por meio do Edital de Artes Visuais 006/2020, lançado pela Prefeitura de
Campina Grande, através da Secretaria Municipal de Cultura. São 15 imagens
documentais que compõem a contrapartida social. As fotografias atestam as
belezas e o valor do patrimônio arquitetônico das principais ruas do Centro de
Campina Grande e que tem sobrevivido com dificuldade às transformações urbanas.
“As imagens foram
produzidas esse ano e fazem uma abordagem de sobrevivência, onde a ideia de
movimento impressa nas fotografias enfatiza a resistência desse patrimônio
diante do tempo, das adversidades e das transformações urbanas. Por outro lado,
o projeto propõe a criação de um movimento em defesa da preservação do
patrimônio Art Déco da cidade”, comentou Jorge Barbosa.
O projeto Déco em
Movimento prevê a realização de debates envolvendo o poder público, as
universidades e demais entidades relacionadas, tendo como tema principal a
preservação e revitalização do patrimônio Art Déco. Os debates serão de forma
presencial e por videoconferência, como o último realizado com alunos e
professores do curso de Design da Faculdade Rebouças de Campina Grande, no
último dia 04 de junho.
A exposição tem a proposta
principal de mostrar a sobrevivência deste estilo arquitetônico diante do
tempo, do crescimento urbano e da velocidade das mudanças. Para tanto, as
imagens foram produzidas em “longa exposição”, de modo a criar efeitos de
movimento na fotografia, através da luz. Serão 15 fotografias coloridas no
tamanho 90x60cm, reveladas no sistema “lab químico”, em papel fotográfico e
emolduradas.
Para a execução do
projeto, o fotógrafo Jorge Barbosa contou com a consultoria do arquiteto Ítalo
Tavares e do historiador Thomas Bruno, além da produção e consultoria em
acessibilidade da professora Cristianne Melo. A exposição vai fornecer legendas
em braille e audiodescrição das imagens para o público com deficiência visual
ou baixa visão. O projeto conta com o apoio das empresas “MegaAlbum” e da “FazAqui
Impressões Digitais”.
Sobre o autor
O proponente do projeto
Déco em Movimento é o jornalista e fotógrafo campinense Jorge Barbosa. Formado
em Comunicação Social pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Jorge
possui mais de 20 anos dedicados à fotografia documental.
Trabalhou como repórter
nos principais jornais do estado, como Correio da Paraíba, Jornal da Paraíba e
Diário da Borborema. Também atuou em veículos de comunicação nos estados do
Ceará, Bahia e no Distrito Federal. Após abandonar as redações, passou a atuar
como fotojornalista freelancer, desenvolvendo reportagens para jornais e
revistas como Jornal do Brasil e National Geographic Brasil.
Jorge Barbosa produziu
projetos de fotografia documental em países como Bolívia, Peru, Austrália e
Estados Unidos, onde em 2014 venceu o concurso "Essex Parks Photography
Contest", promovido pelo governo do Estado de Nova Jersey.
Em outubro do ano de 2017
Jorge Barbosa realizou sua primeira exposição individual, intitulada “Campina
153”. Foi uma homenagem aos 153 anos da cidade de Campina Grande. A mostra foi
composta por 25 imagens que abordaram as belezas naturais, os cartões postais,
a cultura e a arquitetura da Rainha da Borborema. Permaneceu quatro meses em
cartaz no Museu de Artes Assis Chateaubriand.
Saiba mais sobre Art Déco
O Art Déco surgiu na
França, na primeira metade do Século XX. Teve como marco principal a “Exposição
Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas”, ocorrida em 1925,
em Paris. Foi definido como um estilo decorativo que absorveu influência de
outros estilos, compartilhando características com movimentos contemporâneos.
Em suma, o Art Déco foi um estilo que tentava exteriorizar um espírito moderno
em forma de arte decorativa.
No mesmo período, o Art
Déco influenciou vários artistas brasileiros, mas o maior destaque mesmo ficou
na arquitetura, onde várias cidades brasileiras passaram a comportar
edificações importantes. Uma preocupação levantada na Semana de Arte Moderna de
1922 foi a inserção de características nacionais ao estilo.
Cidades como Rio de
Janeiro e Goiás alcançaram grande expressividade. No Nordeste, além das cidades
de Recife e João Pessoa, Campina Grande também se destacou ao adotar o estilo.
Entre outros estilos que surgiram na época, foi o Art Déco que teve maior
destaque no contexto local, difundido largamente entre os anos 1930 e 1940,
principalmente durante os governos do prefeito Vergniaud Wanderley (1935- 1938
e 1940-1945).
E assim, durante o
processo de desenvolvimento urbano de Campina Grande naquele período, através
de obras de saneamento e melhorias estéticas, o Art Déco se apresentou como a
principal linguagem, praticamente exclusiva. Isso resultou em um dos maiores
acervos arquitetônicos do estilo no país. Para esse estilo característico da
cidade, foi apresentada pela historiadora Lia Mônica Rossi a nomenclatura de
Art Déco Sertanejo.
O único projeto de
preservação dessa arquitetura em Campina Grande aconteceu no final da década de
1990, o “Campina Déco”. Foi idealizado e executado pela Prefeitura de Campina
Grande. Várias ações foram tomadas, mas abrangeu apenas a rua Maciel Pinheiro e
parte da Venâncio Neiva. Incluiu a regulamentação das placas e propagandas (que
foram retiradas das fachadas), recuperação das calçadas, remoção dos postes e
implantação da fiação subterrânea, além da revitalização das fachadas e
implantação de mobiliário urbano de acordo com o estilo Art Déco.
Houve apenas uma etapa do
Campina Déco e as gestões seguintes não deram prosseguimento. Desde então muito
do patrimônio se perdeu e o que resta corre risco de desaparecer. As
publicidades e placas de lojas estão cobrindo as fachadas em várias ruas e
muitas das regras estabelecidas na época não são mais seguidas.
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