Os membros da Organização
do Tratado do Atlântico Norte (Otan) classificaram pela primeira vez a China
como um risco de segurança para a aliança militar em uma declaração publicada
ao final de uma cúpula nesta segunda-feira (14/06). A aliança também criticou
seu adversário histórico, a Rússia, por "ações agressivas".
Líderes dos 30
Estados-membros da aliança se reuniram em Bruxelas para discutir uma série de
questões de segurança internacional, que foram resumidas em um comunicado
conjunto.
"Todos os líderes
concordaram que, em uma era de competição global, a Europa e a América do Norte
devem se manter fortes e juntas na Otan. Para defender nossos valores e nossos
interesses. Especialmente em uma época em que regimes autoritários como a
Rússia e a China desafiam a ordem baseada em regras", disse o
secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, em discurso de encerramento da
reunião de cúpula.
Essa também foi a primeira
reunião da Otan com a participação de Joe Biden como presidente dos Estados
Unidos, cargo que ele assumiu em janeiro.
A China como alvo
"As ambições
declaradas e o comportamento assertivo da China apresentam desafios sistêmicos
à ordem internacional baseada em regras e às áreas relevantes para a segurança
da aliança", afirmou o comunicado final divulgado pela Otan.
O documento também
delineou as preocupações da aliança com o crescente poderio militar da China.
"A China está expandindo rapidamente seu arsenal nuclear com mais ogivas e
um número maior de sistemas sofisticados de lançamento para estabelecer uma
tríade nuclear", apontou o documento.
A Otan também criticou os
programas "opacos" de desenvolvimento de armas da China e sua
"estratégia de fusão civil-militar". A aliança ainda criticou a China
por sua cooperação com a Rússia nessa área e pelo uso de campanhas de
desinformação.
"A China está se
aproximando de nós. Nós os vemos no ciberespaço, vemos a China na África, mas
também vemos a China investindo pesadamente em nossa própria infraestrutura
crítica", disse Stoltenberg, fazendo referências à construção
de portos pelos chineses na África
e a participação
de empresas chinesas na construção
de redes 5G.
"Precisamos responder
juntos como uma aliança", acrescentou o chefe da Otan, que também
enfatizou: "Não estamos entrando em uma nova Guerra Fria, e a China não é
nosso adversário, não é nosso inimigo." Contudo, "precisamos
enfrentar juntos, como aliança, os desafios que a ascensão da China representa
para nossa segurança".
Após a cúpula, a chanceler
federal da Alemanha, Angela Merkel, disse que a Otan precisa encontrar o
equilíbrio certo para lidar com a China.
"Se você olhar para
as ameaças cibernéticas e as ameaças híbridas, se olhar para a cooperação entre
a Rússia e a China, não pode simplesmente ignorar a China", disse Merkel.
"Mas também não se deve superestimar – precisamos encontrar o equilíbrio
certo."
No fim de semana, os
países-membros do G7, que incluem membros da Otan, já haviam enviado recados à
China, repreendendo o país asiático sobre as violações dos direitos humanos em
Xinjiang e exigindo garantias para a autonomia de Hong Kong e uma investigação
completa das origens da covid-19. A China criticou em duros termos o comunicado
divulgado pelo G7.
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