Eles têm entre 15 e 17
anos de idade. Estão na fase das descobertas, das amizades intensas, festas,
paqueras e dos estudos. Apesar da euforia da idade, muitos têm enfrentado uma
barreira quando o assunto é o retorno às aulas presenciais. Isso porque uma
parcela dessa população de adolescentes não quer voltar às aulas nessa
modalidade de ensino, durante e após a pandemia da Covid-19. Essa realidade tem
preocupado pais e profissionais da saúde, que evidenciam em alguns casos a
presença da síndrome da gaiola.
A psicóloga da MedPrev do
Sistema Hapvida em João Pessoa, Michelle Costa, afirma que com a pandemia
crianças, pré-adolescentes e adolescentes precisaram se adaptar à rotina
escolar e a vida social dentro de casa. Com isso, o distanciamento social fez
com que a casa, ou até mesmo o quarto, se transformassem no ‘mundo seguro e
confortável’ para esses jovens. “O isolamento transformou a possibilidade de
uma vida fora de casa e de se relacionar com outras pessoas em algo
potencialmente assustador. Essa resistência e ansiedade em sair de casa pode
ser chamada de síndrome da gaiola. Na prática, as crianças e adolescentes com a
síndrome apresentam ansiedade extrema com a volta das aulas presenciais, por
medo de contrair o vírus e até mesmo de levá-lo para casa”, explica.
Michelle esclarece que a
síndrome da gaiola carece de atenção para evitar que esta venha a evoluir para
uma depressão. “A síndrome da gaiola não se trata de um transtorno que demanda
medicamentos para tratar, mas os pais e responsáveis devem estar atentos e
conversar com os jovens, a fim de detectar possível nível extremo de ansiedade.
Caso esse fator seja identificado, procurar com urgência um psicólogo” orienta.
A psicóloga lembra que
apesar de não necessitar de tratamento medicamentoso, a síndrome da gaiola pode
trazer consequências para vida dos jovens. “Entre as principais consequências,
é possível citar o isolamento social, apatia, crises de ansiedade constantes e,
em estados mais graves, a depressão”, elenca.
Estudo – Estudo realizado
por um grupo de pesquisadores de 20 universidades americanas, analisando
adolescentes, mostrou que os sintomas de depressão aumentaram 28% com seis
meses de pandemia. Segundo os autores, o apoio social é um dos fatores que mais
protegem contra a depressão dos adolescentes. A conclusão do estudo é a de que
políticas públicas durante a pandemia precisam considerar a saúde mental dos
adolescentes, como o incentivo à volta das aulas presenciais.
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