O Produto Interno Bruto
(PIB) nacional caiu 1,5% no primeiro trimestre de 2020, na comparação com o
último trimestre do ano anterior, afetado pela pandemia do novo coronavírus e o
distanciamento social, que começou em março no país. Em valores correntes, o
PIB, que é soma dos bens e serviços produzidos no Brasil, chegou a R$ 1,803
trilhão.
Os dados são do Sistema de
Contas Nacionais Trimestrais divulgado hoje (29) pelo IBGE. Em relação ao
primeiro trimestre do ano passado, a economia recuou 0,3%.
A queda do PIB interrompe
a sequência de quatro trimestres positivos e marca o menor resultado desde o
segundo trimestre de 2015 (-2,1%). Com isso, o PIB está em patamar semelhante
ao que se encontrava no segundo trimestre de 2012, considerando o período antes
da crise de 2014.
De acordo com a
coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, a retração da economia
foi causada, principalmente, pelo recuo de 1,6% nos serviços, setor que
representa 74% do PIB. A indústria também caiu (-1,4%), enquanto a agropecuária
cresceu (0,6%).
“Aconteceu no Brasil o
mesmo que ocorreu em outros países afetados pela pandemia, que foi o recuo nos
serviços direcionados às famílias devido ao fechamento dos estabelecimentos.
Bens duráveis, veículos, vestuário, salões de beleza, academia, alojamento,
alimentação sofreram bastante com o isolamento social”, explica.
Nos serviços, destaque
para os resultados negativos em outros serviços (-4,6%), transporte,
armazenagem e correio (-2,4%), informação e comunicação (-1,9%), comércio
(-0,8%), administração, saúde e educação pública (-0,5%), intermediação
financeira e seguros (-0,1%). A única variação positiva veio das atividades
imobiliárias (0,4%).
Já nas atividades
industriais, a queda foi puxada pelo setor extrativo (-3,2%), mas também
apresentaram taxas negativas a construção (-2,4%), as indústrias de
transformação (-1,4%) e a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto,
atividades de gestão de resíduos (-0,1%).
“A construção civil está
puxando sempre para baixo a parte da infraestrutura. O mercado imobiliário até
que tem se recuperado, mas com o distanciamento social, em março, ficou um
pouco prejudicado. Tanto que teve queda na ocupação no trimestre e também na
fabricação dos principais insumos para a construção”, comenta.
Consumo das famílias tem a
queda mais intensa desde 2001
Os efeitos da pandemia
também influenciaram a queda de 2% no consumo das famílias. “Foi o maior recuo
desde a crise de energia elétrica em 2001”, diz Rebeca, acrescentando que o
consumo das famílias pesa 65% do PIB. Já o consumo do governo ficou
praticamente estável (0,2%) no primeiro trimestre deste ano, mesmo patamar do
último trimestre de 2019.
Os investimentos (Formação
Bruta de Capital Fixo), por outro lado, cresceram 3,1%, puxados pela importação
líquida de máquinas e equipamentos pelo setor de petróleo e gás. A produção
nacional de máquinas e equipamentos e a construção caíram, observa Rebeca.
A balança comercial
brasileira teve uma queda de 0,9% nas exportações de bens e serviços, enquanto
as importações de bens e serviços cresceram 2,8%.
“As exportações foram
bastante prejudicadas pela demanda internacional. Um dos países muito
importantes para a gente que tem afetado nossas exportações é a Argentina. E a
China também, que no primeiro trimestre foi o primeiro país a fechar as
fronteiras, então as nossas exportações foram bastante afetadas”, encerra
Rebeca.
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