“O que aconteceu foi uma coincidência retórica”, Secretário especial de cultura Roberto Alvim.


Vladimir Chaves


A Secretaria Especial da Cultura lançou, nesta quinta-feira (16), o Prêmio Nacional das Artes, iniciativa que irá destinar mais de R$ 20 milhões para fomentar a produção artística nas cinco regiões brasileiras.

Em suas sete categorias, o Prêmio irá selecionar 5 óperas, 25 espetáculos teatrais, 25 exposições individuais de pintura e 25 de escultura, 25 contos inéditos, 25 CDs musicais originais e 15 propostas de histórias em quadrinhos.

“Trata-se de um marco histórico nas artes brasileiras. De relevância imensurável. E sua implementação e perpetuação ao longo dos próximos anos irá redefinir a qualidade da produção cultural em nosso país”, disse o secretário da cultura, Roberto Alvim.

Mas não foi o Prêmio que gerou comentários após o pronunciamento. A fala de Alvim sobre a renovação da arte brasileira foi associada a um discurso do ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, e repercutiu rapidamente na internet.

Roberto Alvim disse:

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada”.

Já o discurso de Goebbels dizia:

“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos [potência emocional] e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, segundo o livro “Joseph Goebbels: Uma biografia” (Ed. Objetiva), de 2014, escrito pelo historiador alemão Peter Longerich. (Com informações, Poder360).

Depois do vídeo, os nomes Goebbels e Roberto Alvim passaram a ser um dos termos mais citados no Twitter. O secretário da Cultura está sendo acusado de fazer propaganda e promover o nazismo.

Para Alvim, o que aconteceu foi uma coincidência retórica: “o que a esquerda está fazendo é uma falácia de associação remota: com uma coincidência retórica em UMA frase sobre nacionalismo em arte, estão tentando desacreditar todo o PRÊMIO NACIONAL DAS ARTES, que vai redefinir a Cultura brasileira”.

Ele acrescenta ainda que “todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira, e houve uma coincidência com UMA frase de um discurso de Goebbles… não o citei e JAMAIS o faria”.

O secretário, no entanto, reitera: “Mas a frase em si é perfeita: heroísmo e aspirações do povo  é o que queremos ver  na Arte nacional”.

Confira a íntegra do que Roberto Alvim escreveu:

“O que a esquerda está fazendo é uma falácia de associação remota: com uma coincidência retórica em UMA frase sobre nacionalismo em arte, estão tentando desacreditar todo o PRÊMIO NACIONAL DAS ARTES, que vai redefinir a Cultura brasileira… é típico dessa corja. Repito: foi apenas uma frase do meu discurso na qual havia uma coincidência retórica.

Eu não citei ninguém. E o trecho fala de uma arte heróica e profundamente vinculada às aspirações do povo brasileiro. Não há nada de errado com a frase.

Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira e houve uma coincidência com UMA frase de um discurso de Goebbles… Não o citei e JAMAIS o faria. Foi, como eu disse, uma coincidência retórica. Mas a frase em si é perfeita: heroísmo e aspirações do povo é o que queremos ver  na Arte nacional”.

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