O plano de Bolsonaro para reativar a indústria militar e exportar US$ 6 bi em armamentos


Vladimir Chaves


Oitavo maior exportador mundial de produtos de defesa nos anos 1980, o Brasil renegou a indústria militar nas últimas décadas e caiu para 60ª posição, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde). Mas o governo Jair Bolsonaro quer retomar essa vocação bélica e recolocar o país entre os 10 maiores exportadores de armas e produtos militares, num mercado que movimenta cerca de US$ 1,5 trilhão.

Segundo dados do Ministério da Defesa, o Brasil exportou, em 2019, US$ 1,3 bilhão da indústria militar, já superando o total exportado em 2018 (US$ 915 milhões – número que também corresponde à média anual da última década).

Para ajudar o país a materializar esse cenário, o Ministério da Defesa tem desenvolvido iniciativas como o Plano de Articulação e Equipamento de Defesa (PAED) e o incentivo à Base Industrial de Defesa (BID), o conjunto das empresas estatais ou privadas que participam de uma ou mais etapas de pesquisa, desenvolvimento, produção, distribuição e manutenção de produtos estratégicos de defesa. O objetivo é, no curto prazo, chegar a US$ 6 bilhões em material militar exportados por ano.

Gallo cita que, além da perda nas exportações, a indústria bélica brasileira ainda perdeu mercado interno, o que tornou mais difícil a retomada. “Por conta de um dispositivo constitucional, o Estado possui imunidade na compra internacional, ao passo que ao comprar de empresa brasileira as mesmas precisam recolher (ao menos alguns) impostos, reduzindo a competitividade e exportando empregos. Além disso, processos realizados no exterior são normalmente menos burocráticos que os realizados no Brasil. Como países em geral somente compram produtos de empresas cujos próprios governos são clientes, o primeiro passo para exportar é vender para o nosso próprio Brasil, diz.

O presidente da Abimde, lembra, ainda, que o fomento à indústria militar é fundamental para o desenvolvimento tecnológico de um país, pois toda a base industrial busca a dualidade (uso militar e civil de seus produtos). “Forno de micro-ondas, celular, computador, internet e GPS são só alguns dos itens com origens na indústria de defesa. Pode-se dizer sem risco nenhum que o modo de vida moderno não existiria sem as tecnologias criadas por conta das necessidades militares. Esta capacidade de ser útil tanto para o uso de dia a dia civil como para o uso militar caracteriza as pesquisas de ponta em defesa e segurança.

Segundo a Abimde, o Brasil tem potencial exportador de produtos de várias naturezas para Forças Armadas internacionais, a exemplo dos sistemas de comando e controle, sistemas de defesa cibernética, lançadores de misseis, munições, aviões, armas não-letais e reagentes químicos.

Historicamente representam bons mercados para o Brasil aqueles países que estão estruturando as suas Forças Armadas e precisam de provedores com produtos relevantes, boa relação custo-benefício e que valorizem a posição relativamente neutra que o Brasil possui no Concerto das Nações. Neste sentido, as grandes campeãs nacionais, como Embraer e Avibrás, possuem soluções de defesa muito atrativas, como o cargueiro C-390 Millenium (antigo KC-390) e o Astros 2020. Ao mesmo tempo, empresas menores também ganham mercado já que a inventividade brasileira é bastante apreciada”, acrescenta Gallo.”

FONTE: Gazeta do Povo

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