O preço dos elogios na
internet a governadores do PT em 2018, incluindo Wellington Dias, pode ficar
bem mais caro do que os valores relatados nos depoimentos prestados à Polícia
Federal no inquérito que apura crime eleitoral naquele pleito. Pode custar o mandato
do governador petista.
Havia suspeita de crime
eleitoral. Para o Ministério Público, alguém pagou pelas glorificações aos
candidatos do Partido dos Trabalhadores. De acordo com os depoimentos prestados
em inquérito que apura a suspeita de crime, parte do “serviço” foi pago pela
campanha do então candidato Wellington Dias.
Miguel Correia Júnior, do
no da empresa Fórmula e Follow prestou depoimento e informou que sua empresa
foi contratada para criar o aplicativo “Brasil feliz de novo”, que reuniria
informações sobre o PT e seus candidatos. Pelo app, a empresa de Miguel cobrou
R$ 150.000,00, e contratante, de acordo com o depoimento de Miguel, foi
Wellington Dias. Ainda segundo o dono da Fórmula e Follow, a sua empresa
contratou outra, a Lajoy “para compreender as melhores fórmulas de difusão do
conteúdo da esquerda”.
Uma das sócias da empresa
Lajoy é Joyce Falate Mota, ela também prestou depoimento. Afirmou que foi
contratada pela Fórmula e Follow para indicar influenciadores para uma campanha
progressista ao custo de R$ 1.500 a R$ 6.000 por influenciador de rede social.
“Que a experiência foi positiva e alcançou mais de dez milhões de pessoas
impactadas, o que levou a Fórmula dar ao depoente uma nova ordem, desta vez,
para divulgação de conteúdos voltados ao candidatos do Partido dos
Trabalhadores, especialmente Wellington Dias (Piauí)…”, declarou em seu
depoimento.
A partir do inconformismo
de uma das influenciadoras que vazou para imprensa a estratégia do PT de usar
influenciadores digitais pagos para elogiar candidatos, à época, Wellington
Dias negou que tenha sido algo orquestrado e chegou a dizer que acionaria a
Justiça Eleitoral. “Eu vejo como uma doideira total. Primeiro, zero contrato,
até porque não faz nenhum sentido a coordenação da campanha ou meu partido no
estado fazer contrato com qualquer pessoa ou empresa pagando para falar bem”,
disse Wellington após o episódio.
Entretanto, na prestação
de contas da campanha de Wellington Dias, é possível ver um pagamento de R$
50.000,00 a empresa Formula Tecnologia Ltda no dia 15 de agosto de 2018, poucos
dias antes dos disparos do twitter. Segundo uma fonte da segurança do Karnak,
Wellington Dias teria recebido representantes da empresa em sua residência
oficial onde lá foi apresentada a estratégia de pagar os influenciadores.
Entretanto, nem o
Wellington Dias, nem o PT e nem o seu governo acionaram a Justiça Eleitoral.
Quem ingressou com uma ação eleitoral foi seu principal opositor na eleição de
2018, Fábio Sérvio, que disputou o cargo de governador no pleito passado pelo
PSL ao lado de Bolsonaro. Sérvio ingressou com uma Ação de Impugnação de
Mandato Eletivo – AIME.
A AIME permite que o
mandato do candidato eleito possa ser alvo de impugnação perante a Justiça
Eleitoral. O objetivo é barrar o político que obteve o cargo por meio de abuso
de poder econômico, corrupção ou fraude.
De acordo com a norma, a ação tramitará em segredo de justiça, embora o
julgamento tenha de ser público. Se for julgada procedente, o Tribunal pode, de
acordo com o caso concreto, declarar a inelegibilidade do representado e,
ainda, cassar o registro ou o diploma do candidato.
De acordo com
especialistas em Direito Eleitoral, Sérvio usou a estratégia certa, e pela
materialidade dos fatos e o dano de 10 milhões de pessoas alcançadas, o risco
do Piauí ver outro governador cassado aumenta a cada dia com a proximidade do
julgamento.
Diário do Piauí
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