O futuro ministro do Meio
Ambiente, Ricardo Salles, é acusado pelo Ministério Público de São Paulo de ter
mandado retirar do Parque Estadual do Rio Turvo, no município de Cajati, o
busto, as fotos e as placas explicativas sobre a passagem do guerrilheiro
Carlos Lamarca pelo Vale do Ribeira, no interior do estado. A ordem teria sido
dada durante visita ao parque, no ano passado, quando Salles era secretário de
Meio Ambiente de São Paulo.
Para o promotor Nilton de
Oliveira Mello Neto, que apresentou ação civil pública contra Salles em agosto
passado o então secretário agiu à revelia do processo administrativo legal e
apenas imbuído de "patente móvel ideológico". A ação está em curso na
Justiça.
O busto havia sido
instalado em 2012, após decisão formal do conselho do parque, com a intenção de
preservar a memória da região. Segundo o inquérito, Salles visitou o parque
pouco antes de deixar o cargo, em agosto de 2017 e, quando avistou o busto, determinou
ao gestor do parque, Tiago Leite Veck, que o retirasse.
O prefeito de Cajati,
Lucival Cordeiro, confirmou, em depoimento, que Salles pediu ajuda da
prefeitura para retirar, além do busto, todos os painéis sobre Lamarca. Os
funcionários teriam feito a retirada e entregado o material para a Polícia
Militar, que o levou para a sede do Comando de Policiamento Ambiental, na
capital paulista. Segundo o cabo da Polícia Militar Adilson Domingues, que
transportou o busto, seus superiores disseram apenas que a ordem partiu do
então secretário.
Lamarca e outros 16
guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária (VRP) passaram pelo Vale do
Ribeira em 1969, para fugir da perseguição durante a ditadura militar. A gruta
da Capelinha e a Trilha do Lamarca faziam parte das atrações do parque, numa
tentativa de aliar história e natureza.
Em entrevista ao GLOBO,
Salles confirma que mandou retirar o busto de Lamarca e que a Justiça já negou
duas liminares do Ministério Público.
— Não é uma destinação
correta você usar recursos de compensação ambiental para fazer estátua em
homenagem a quem quer que seja. Essa foi uma decisão minha como secretário e
estava dentro das minhas atribuições.
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