Milhares de pessoas
marcharam neste domingo pela cidade dominicana de Santiago para exigir o fim
imediato das operações da construtora brasileira Odebrecht na República
Dominicana. Além disso, os manifestantes exigiam punição para autoridades que
receberam subornos da empresa.
Uma das organizadoras do
protesto, Altagracia Kubinyi, disse que os manifestantes exigem uma auditoria
para determinar se a companhia financiou as campanhas eleitorais do presidente
Danilo Medina de 2012 e 2016.
Imagens da emissora de
televisão CDN mostraram milhares de pessoas vestidas de verde no protesto em
Santiago, 150 quilômetros ao norte da capital Santo Domingo. "Marchamos
por nossos filhos", dizia um dos cartazes, enquanto outros deles pediam a
prisão de alguns funcionários.
Kubinyi leu à multidão um
manifesto com cinco pontos nos quais os organizadores do protesto demandaram a
suspensão imediata dos trabalhos da Odebrecht e a instalação de um organismo
independente que investigue os supostos subornos que a companhia pagou no país
para obter contratos do governo.
A manifestação em Santiago
foi a segunda grande marcha no país contra a Odebrecht, após em 22 de janeiro
milhares de pessoas irem às ruas de Santo Domingo para exigir uma investigação
dos supostos subornos.
Os organizadores dos
protestos também coletaram mais de 312 mil assinaturas e as entregaram no fim
de fevereiro à presidência para exigir que uma comissão da Organização das
Nações Unidas participe nas investigações a fim de identificar os beneficiários
das propinas pagas pela construtora brasileira.
De acordo com informação
do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, executivos da Odebrecht
revelaram que pagaram subornos de cerca de US$ 785 milhões em 12 países, entre
eles US$ 92 milhões na República Dominicana. Desde que começou a operar na
nação caribenha, a companhia participou de 17 das mais importantes obras de
infraestrutura no país, sete das quais relativas ao período do governo de
Medina.
A procuradoria dominicana
abriu em janeiro uma investigação e interrogou vários funcionários, sem revelar
até agora as identidades dos beneficiários dos subornos. A instituição e a
Odebrecht haviam chegado a um acordo mediante o qual a companhia pagaria uma
multa de US$ 184 milhões em troca de continuar a operar no país e que o governo
renunciasse a processar os empregados da empresa. O acordo, porém, foi
declarado inadmissível por um tribunal.
Associated Press
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