Se a Venezuela fosse uma
democracia, não teria presos políticos.
Se a Venezuela fosse uma democracia, não se incomodaria que um grupo de
senadores de um país vizinho e amigo fosse visitá-la para se entrevistar com quem
quisessem, assim como fazem as autoridades venezuelanas que amiúde estão no
Brasil para cumprir os programas que bem
entendem.
Agora mesmo, o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Diosdado Cabello veio ao Brasil – em avião oficial do governo de seu país -, sem que ninguém o tivesse convidado, para manter encontros com o ex-presidente Lula, a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros.
Para quê? Para convencer
nossos governantes a impedir a ida de uma delegação de senadores da oposição e
da base do governo a Caracas, para visitar presos políticos (que não deveriam
existir numa democracia)!
Aos venezuelanos
oferecemos homenagem, prestígio e reverência. Em troca recebemos caneladas e
golpes baixos. Viramos mesmo uma piada
diplomática, e isso em nossa própria região!
O Ministro da Defesa, Jaques Vagner, faz-se de desentendido. De manhã liga para os senadores e promete colocar uma avião da FAB à disposição da comitiva, para horas depois dizer que é muito difícil que a Venezuela conceda autorização de sobrevoo e pouso à aeronave.
Difícil? Que país viramos nós? Que diplomacia de segunda classe é essa, que fica impassível, atarantada, quando um sócio do Mercosul nos faz desfeitas e nos ameaça? Não há pedido de igual natureza feito pelo governo da Venezuela que não seja prontamente atendido.
O Itamaraty busca
disfarçar-se de poste, para ver se a confusão passa ao largo, sem
afetá-lo. Obviamente isso não será
possível. Por alegações de quebra de democracia, nossos diplomatas ejetaram por
algum tempo o Paraguai do Mercosul para que a Venezuela pudesse entrar na
organização (entrada essa a que se opunha o Congresso paraguaio). E agora, o
que nossos diplomatas vão sugerir que façamos com a Venezuela? Na percepção de
número expressivo de Senadores, ela deveria igualmente ser suspensa.
Mais uma vez, é a
dignidade do Brasil e os interesses do Estado brasileiro que são jogados na
lata de lixo, para que não se altere a agenda do PT. Percebemos que a influência do aspone
Marco Aurélio "Top Top" Garcia, que pouco se lixa para o interesse
nacional de longo prazo, continua intacta.
Doravante, não espere o Itamaraty a boa vontade dos senadores para fazer avançar sua agenda no Senado.
Editorial Diário do Poder
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