O procurador da República
Ivan Cláudio Marx, do Distrito Federal, determinou a
abertura de inquérito civil para apurar o envio prévio de um gabarito com as
perguntas que seriam feitas por senadores a depoentes na CPI da Petrobras, no
ano passado.
Reportagem de VEJA revelou que governistas engendraram um esquema para treinar os principais depoentes à comissão de inquérito, repassando a eles previamente as perguntas e indicando as respostas que deveriam ser dadas. Para o PSDB, que recorreu ao Ministério Público com pedido de investigação, há indícios de que foram praticados os crimes de advocacia administrativa, falso testemunho e violação de sigilo funcional.
Reportagem de VEJA revelou que governistas engendraram um esquema para treinar os principais depoentes à comissão de inquérito, repassando a eles previamente as perguntas e indicando as respostas que deveriam ser dadas. Para o PSDB, que recorreu ao Ministério Público com pedido de investigação, há indícios de que foram praticados os crimes de advocacia administrativa, falso testemunho e violação de sigilo funcional.
O ex-presidente da
Petrobras Sergio Gabrielli, por exemplo, recebeu antes do depoimento as
perguntas que lhe seriam feitas por meio de José Eduardo Barrocas, então chefe
do escritório da estatal em Brasília.
Obtida por VEJA, a
gravação mostra uma reunião entre Barrocas, o advogado da empresa Bruno
Ferreira e Calderaro Filho para tramar a fraude no Congresso. Barrocas revela
no vídeo que um gabarito foi distribuído aos depoentes mais importantes para
que não entrassem em contradição. Paulo Argenta, assessor especial da
Secretaria de Relações Institucionais, Marcos Rogério de Souza, assessor da
liderança do governo no Senado, e Carlos Hetzel, secretário parlamentar do PT
na Casa, são citados como autores das perguntas que acabariam sendo
apresentadas ao ex-diretor Nestor Cerveró, apontado como o autor do "parecer
falho" que levou a estatal do petróleo a aprovar a compra da refinaria de
Pasadena, no Texas, um negócio que impôs prejuízo de pelo menos 792 milhões de
dólares à empresa.
Segundo conta Barrocas, Delcídio Amaral (PT-MS),
ex-presidente da CPI dos Correios, encarregou-se da aproximação com Cerveró.
Relator da comissão, José Pimentel (PT-CE), a quem respondem Marcos Rogério e
Carlos Hetzel, formulou 138 das 157 perguntas feitas a Cerveró na CPI e cuidou
para que o gabarito chegasse ao ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli.
De acordo com portaria
assinada pelo procurador Ivan Cláudio Marx, "em tese, o vídeo e a
reportagem divulgados demonstravam a ocorrência de um esquema de fraude na CPI
da Petrobras, em que as perguntas realizadas a três dos principais dirigentes
da Petrobrás haviam sido elaboradas por servidores do Governo Federal, os quais
haviam preparado também as respostas que deveriam ser dadas as referidas
perguntas, tendo em sequência as testemunhas sido instruídas sobre as perguntas
que seriam feitas e as respostas que deveriam ser dadas no âmbito da CPI".
(Revista Veja)
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