Faltou, em primeiro lugar,
humildade para a presidente para que ela pedisse desculpas aos brasileiros. A
presidente deveria ter iniciado suas palavras se desculpando. Não apenas pela
corrupção instalada na Petrobras durante o seu governo, como sugeri durante a
campanha. A presidente deveria ter se desculpado pelos erros que cometeu e que
trouxeram o país à grave situação em que ele se encontra e pelo fato de, movida
apenas pelo interesse eleitoral e não pela preocupação com o bem-estar dos
brasileiros, ter adiado medidas que, se tomadas há mais tempo, afetariam menos
a vida de milhões de pessoas.
Quem escuta as palavras da
presidente acha que o país chegou aonde chegou por obra do acaso. Não é
verdade. Foi preciso muita incompetência, muita arrogância para desprezar os
alertas feitos por tantos brasileiros para que chegássemos até aqui.
A presidente tenta se
defender da acusação de ter sido protagonista do maior estelionato eleitoral da
história do país. Tenta nos fazer crer que não prometeu o que prometeu e que
não está fazendo o que está fazendo.
E, de forma inacreditável,
sabemos hoje que o estelionato eleitoral foi duplo – o governo já vinha
estudando as mudanças no seguro desemprego, abono salarial e pensões antes das
eleições, mas não apenas negava a necessidade de mudanças como prometia que não
iria fazê-las. Foi um estelionato eleitoral premeditado.
A presidente chega a
afirmar que não descuidou da inflação.
A inflação média no
governo Dilma foi de 6,2% ao ano, acumulando uma inflação de 27% e que, este
ano, corre o risco de passar de 7% e estourar o teto da meta. A presidente não
apenas descuidou da inflação como segurou preços da gasolina e da energia que
serão reajustados agora. Em 2015 teremos um tarifaço graças à política
artificial da presidente Dilma de controlar a inflação que foi um desastre
duplo: não reduziu a inflação e deixou um prejuízo monumental para a Petrobras
e Eletrobras.
Ela promete reforma do
PIS/Cofins, mas acabou de aumentar esse tributo sobre importações e
combustíveis. A única reforma que foi feita até agora foi o aumento da carga
tributária na semana passada em mais de R$ 20 bilhões em um contexto de PIB
estagnado.
Ao invés de combater a
inflação, a paralisia da economia, a falta de confiança, a presidente pede que
ministros combatam boatos.
Na verdade, a grande fábrica de boatos tem sido o PT, a candidata Dilma e seu marqueteiro na campanha de 2014. O que está acontecendo agora não é boato. É realidade. A presidente já editou de forma autoritária Medidas Provisórias que retiram direitos dos trabalhadores e aumentam impostos.
Não bastasse todo o jogo
de cena, a presidente se apropria do trabalho de outros.
Quem combateu a corrupção
não foi o governo, mas sim a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça
Federal. O que o governo fez foi possibilitar a ocorrência da corrupção com o
aparelhamento político das estatais para viabilizar um projeto de poder.
Para quem não compreendia
as imensas contradições e as improvisações dos últimos trinta dias, ficou
claro: Depois do fracasso do seu primeiro governo, a presidente Dilma não se
preparou para um segundo mandato. E quem vai pagar a conta, mais uma vez, serão
os brasileiros.
Senador Aécio Neves
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