A Petrobras divulgou na
madrugada desta quarta-feira (28), após dois adiamentos, o balanço com os
resultados do empresa no terceiro trimestre de 2014. A estatal viu seu lucro
despencar 38% no período, em comparação com o trimestre anterior, de R$ 4,959
bilhões para R$ 3,087 bilhões.
O valor, contudo, não
contabiliza o dinheiro perdido em desvios investigados na Operação Lava Jato e
nem a perda de valor recuperável de alguns de seus ativos por efeito do
escândalo de corrupção.
A estatal afirma em
balanço que a metodologia que adotou para descontar o valor incorporado
indevidamente como investimento, mas desviado em esquema de corrupção entre
2004 e 2012, mostrou-se "inadequada" e, por isso, recuou da promessa
de subtrair o valor de seus ativos. A fórmula, diz a Petrobras, tinha
"elementos que não teria relação direta com pagamentos indevidos".
Em comunicado divulgado
com o balanço, a presidente da companhia, Graça Foster, reconhece a necessidade
de ajustes, mas diz que é "impraticável a exata quantificação destes
valores indevidamente reconhecidos, dado que os pagamentos foram efetuados por
fornecedores externos e não podem ser rastreados nos registros contábeis da
Companhia."
No documento, Foster disse que a fórmula criada, e posteriormente desprezada, para calcular a extensão dos desvios apontaria a necessidade de ajuste de R$ 61,4 bilhões em seus ativos.
A decisão de não aplicar a
fórmula foi tomada após reunião do conselho de administração da empresa durante
toda a terça-feira, em que as inconsistências foram apontadas. A estatal diz
que vai "aprofundar" outra metodologia, pedindo informações à CVM
(Comissão de Valores Mobiliários) e sua equivalente americana SEC (Securities
and Exchange Commission).
Segundo as normas
contábeis, os valores que a empresa decidir lançar como perda, quando o fizer,
serão abatidos dos ativos. Parte dele, ainda impossível de definir, será
lançada como despesa no trimestre em que ocorrer, jogando o lucro do período
para baixo.
Como a Petrobras não fez o
ajuste prometido, a empresa alerta que os números serão passíveis de revisão. O
comunicado diz que a fórmula adotada ia realizar um ajuste "composto de
diversas parcelas de natureza diferente, impossíveis de serem quantificadas
individualmente", como câmbio, projeções de preços e margens de insumos e
de produtos vendidos, entre outros.
Folha de São Paulo
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