Confesso não ter sido
surpreendida com a vitória da Presidente Dilma. Afinal, assistimos durante a
toda a campanha, um processo de vale-tudo. Vi a mentira sendo transformada em
verdade e vi de perto como se manipula a vontade popular, afinal, fui partícipe
do processo eleitoral como candidata.
Apesar de toda a máquina
do governo, terem conseguido uma vitória apertada, com apenas 3% de diferença,
mostra que demos um recado claro a ser considerado: queremos mudanças, não
aceitamos a corrupção e não estamos mais dispostos a pagar a conta dos desvios
de recursos e da péssima condução da política econômica.
Pergunta-se, então: como haver mudança se a maioria optou pela reeleição? Como saturar a corrupção se a cada escândalo denunciado a candidata do governo subia nas pesquisas eleitorais? Como explicar a nossa indisposição em pagar a conta se mantivemos o "status quo"?
Analisemos os resultados, passada a emoção primeira: nunca tinha visto a classe média mobilizada da forma demonstrada por todo o país. Nunca vi tantas abstenções. Nunca vi uma eleição com tantos votos nulos, e nem um resultado final tão apertado.
Isso não foi por acaso,
foi o recado: nós, pagadores da conta governamental, queremos mudança e não
estamos dispostos a dar continuidade a política corrupta e de péssimos
resultados. Não temos como manter a polarização de sempre, alternando PT e
PSDB, pois ambos representam o mesmo modelo patrimonialista, variando apenas na
intensidade. Daí, os votos nulos e o grande número de abstenções, que acabaram
levando ao resultado final.
Estamos a dizer por aí que
o Brasil foi dividido pelo PT. Será que foram eles capazes de realizar este
feito? Entendo que não.
O Brasil já estava
dividido, eles apenas exploraram eleitoralmente a dicotomia para levantar a
bandeira do Brasil carente, ignorada pelos próprios nordestinos nutridos
politicamente pela pobreza que estão no poder há mais de quarenta anos, dirigindo
a Câmara e o Senado, em um jogo político perverso.
A realidade brasileira não
foi alterada - até aqui - nem pelo PSDB e nem pelo PT. O primeiro ignorou os
dois Brasis e o segundo explorou a diferença entre eles para dela se
locupletar.
Ao final, podemos concluir
o seguinte: nós brasileiros, sejamos do Sul, do Centro-Oeste, do Norte ou do
Nordeste, acordamos do sono letárgico e daqui para frente tudo será diferente.
Os pobres, sejam do Sul,
Sudeste, do Norte ou do Nordeste deram o recado: para nós, todos (os políticos)
são iguais, por isso preferimos aqueles que entregam algum benefício, seja como
"bolsa", propina ou emprego. Minas Gerais, como sempre faz, desde a
Inconfidência Mineira, "na moita" disse claramente: desta vez vamos
deixar a mineiridade e gritar: - Nós também temos pobreza.
Considero estas eleições
um divisor de águas, como, alias, já sinalizavam os analistas políticos. Agora
é a hora de assumirmos o nosso papel de cidadão e sermos partícipes políticos
do processo de governo.
Não basta ir as urnas e
depositar o voto, precisamos participar com vigilância cívica, mobilização
serena e muita atenção aos movimentos governamentais.
Vamos resistir à política do vale-tudo e da corrupção. Vamos fiscalizar, investigar, e denunciar as faltas, pois é essa a única forma civilizada de oposição aos oportunistas que tão bem souberam explorar a fragilidade da política dos peemidebistas e a corrupção já existente no parlamento - bem antes da “onda vermelha” - e o comodismo da classe media, que deixava acontecer, ignorando os males governamentais e a pobreza extrema dos miseráveis do nosso país.
É preciso motivação e
atenção, para continuarmos a gritar, como fizemos em junho de 2013:
- Não aceitaremos mais a corrupção. Exigimos apuração e punição; queremos cidadania democrática, não este arremedo populista; queremos serviços públicos de qualidade e um Brasil igual para todos.
Portanto,
A LUTA CONTINUA.
Salvador, Bahia, 3 de
novembro de 2014
Eliana Calmon
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