A redução do volume do Rio
São Francisco que decorre da decisão do governo federal de diminuir a água que
é liberada pelos reservatórios das usinas hidrelétricas de Sobradinho e Xingó
tem afetado a atividade econômica e a população no Nordeste, segundo o
presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado, senador
Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). Audiência pública feita discutiu a queda da
oferta de água na Bacia Hidrográfica do São Francisco.
Setores como a
agricultura, prejudicada pela menor disponibilidade de água para irrigação, a
navegação e a pesca têm sofrido prejuízos devido à queda do nível do São
Francisco. “Queremos saber se, mesmo com essa estiagem prolongada, há
possibilidade de aumento da vazão. O governo tem como prioridade a produção de
energia elétrica, mas a baixa vazão do São Francisco traz graves consequências
para a população que depende do rio”, disse o senador.
Desde abril do ano
passado, a Agência Nacional de Águas (ANA), em articulação com o Operador
Nacional do Sistema Elétrico, autorizou a redução da vazão que sai dos
reservatórios de Sobradinho e Xingó de 1.300 metros cúbicos por segundo para
1.100 metros cúbicos por segundo. A resolução foi prorrogada até 30 de abril.
A medida foi adotada
devido à necessidade de preservar o armazenamento de água nos reservatórios e,
assim, atender à demanda de produção de energia do Nordeste, pois o menor
volume de chuvas na região devido à seca nos últimos anos tem resultado em
baixos níveis do Rio São Francisco.
O diretor de Operação da
Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Mozart Bandeira Arnaud,
reconheceu que a redução de vazão de água traz problemas para a atividade
econômica, mas alertou que a queda no nível de água liberado pelas usinas é
fundamental para a segurança hídrica da região e não apenas para a produção de
energia.
O vice-presidente do
Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Wagner Soares Costa,
destacou que as reduções emergenciais de vazão tornaram-se recorrentes e não há
estudos “dos impactos ambientais, sociais e econômicos dessa redução”. Ele
acredita que a medida da ANA é voltada prioritariamente para a segurança
energética em detrimento de outros usos da água.
O coordenador-geral do
Fórum Sergipano de Comitês de Bacias Hidrográficas, Luiz Carlos Souza, também
manifestou preocupação. “A lei diz que a água deve ser compartilhada pelos
múltiplos usos, mas percebemos que a produção de energia tem prioridade. Mas em
situação de escassez, a lei diz que a prioridade é do abastecimento humano e
animal”. Segundo ele, a sociedade deve ser ouvida pelo governo federal nas
decisões sobre redução da vazão do rio.
O superintendente de Usos
Múltiplos e Eventos Críticos da ANA, Joaquim Gondim Filho, informou que a
agência promove sistematicamente reuniões entre os usuários e os principais
interessados em que se busca entendimento para que usos prioritários como
abastecimento, irrigação, navegação e todos os demais usos sejam respeitados no
que for possível. “Isso é feito de maneira a conciliar os interesses de todos
os usos e levando em conta as questões ambientais”, disse.
Fonte: Agência Brasil.
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