Uma projeção feita pela
BDO, empresa de auditoria e consultoria especializada em análises econômicas,
financeiras e mercadológicas, aponta que a Copa do Mundo de 2014 no Brasil vai
render para a Fifa a maior arrecadação de sua história: nada menos do que US$ 5
bilhões entrarão nos cofres da entidade (cerca de R$ 10 bilhões).
36% a mais do que na
África
O valor é 36% superior em
comparação ao montante obtido com o Mundial da África do Sul (US$ 3.655
bilhões), em 2010, e 110% maior do que o arrecadado na Copa de 2006, na
Alemanha, que rendeu US$ 2.345 bilhões. A maior parte do dinheiro vem dos
direitos de transmissão pela tevê, seguido pelo marketing gerado em torno do
evento.
Mas nem sempre foi assim.
Em seus 109 anos de história a Fifa mudou várias vezes as formas com que
angariava fundos. Em 1930, por exemplo, 85% de suas receitas eram provenientes
de seus associados - hoje, menos de 1% é gerada por essa fonte.
Exclusividade e isenção
total de impostos
A entidade começou a mudar
seu conceito de arrecadação durante o mandato do ex-presidente João Havelange.
“A Fifa demorou para perceber o tamanho do produto que tinha em mãos. Uma Copa
do Mundo sempre foi um evento único, exclusivo e sem rejeição”, analisa Pedro
Daniel, gerente do Esporte Total, braço esportivo da BDO.
Essa “exclusividade” do
evento foi o principal fator para a explosão de arrecadação da Fifa com os
mundiais. A evolução das receitas com direitos de transmissão comprova como a
entidade “aprendeu” a vender melhor o seu peixe, no caso, as Copas. O Mundial
de 1990, na Itália, rendeu para a Fifa US$ 57 milhões em receitas com direitos
de tevê e, após oito anos, a entidade arrecadou US$ 138 milhões na França.
Depois, em 2002, Coreia e Japão sediaram o evento que proporcionou à entidade
um crescimento de 466% nas receitas - US$ 782 milhões foram pagos por emissoras
que transmitiram o torneio no Oriente.
Análise da BDO feita em
cima de balanços da Fifa aponta que a entidade apresentou receita total de US$
1,07 bilhão em 2011, evolução de 86% em comparação ao ano de 2003. O lucro
líquido acumulado entre 2007 e 2010 foi de US$ 631 milhões, sendo que a Copa da
África foi responsável por 90% desse montante.
Mercado da Copa
“O mercado ‘Copa do Mundo’
cresce em velocidade rápida a cada edição do evento. E a tendência é de seguir
em alta para os próximos da Rússia e do Catar, países com poder econômico muito
forte”, diz Pedro. “Não estamos tratando apenas da transmissão de um jogo de
futebol. É diferente. Um mundial representa uma luta feroz pelos direitos de
transmissão. A emissora que transmite esse evento vence a concorrência,
torna-se a melhor. Ela paga uma fortuna por esses direitos, mas vai arrecadar
muito com publicidade e terá lucro”, exemplifica o executivo.
O aumento da arrecadação
da Fifa a cada mundial também reflete nas premiações dadas às seleções. Em
2002, a CBF embolsou US$ 7,59 milhões após a seleção vencer a Alemanha na
decisão. A Itália, campeã do mundo em 2006, recebeu US$ 19,3 milhões e a
Espanha, que conquistou sua primeira estrela em 2010, na África do Sul, ganhou
US$ 30 milhões. Para 2014, a Fifa já anunciou que o campeão levará ao seu país
US$ 40 milhões.
Marketing
Além dos direitos de
transmissão, a Fifa trabalha com três níveis de patrocínios. O primeiro engloba
seis parceiros (Coca-Cola, Sony, Visa, Adidas, Hyundai-Kia Motors e Emirates),
que estão junto com a entidade em tudo o que ela desenvolve. O segundo nível
são os chamados “parceiros de Copas” (Budweiser, Castrol, Continental,
McDonald’s, Oi, Johnson & Johnson, Seara e Yingli), e estão presentes em
todos os mundiais e seus eventos, entre eles sorteios Copas das Confederações.
Em um degrau abaixo,
chegam os “apoiadores nacionais” - marcas dos países-sede e que estão com a
Fifa nos mundiais. Para a Copa de 2014 as empresas são Itaú, Liberty Seguros,
Garoto, Wise-up e Apex Brasil.
Sedes chupam o dedo
“A previsão é de que a
Copa impacte em até 1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional”, afirma o
analista. Em termos de comparação, em 2012 o crescimento do PIB do País ficou
em 0,9%.
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