Uma população de 9,6 milhões de jovens de 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham, formada principalmente por mulheres, muitas delas com filhos, é motivo de preocupação quando se observam as condições de vida da população, de acordo com estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Síntese de Indicadores Sociais 2013, com dados de 2012, mostra que um em cada cinco brasileiros (19,6%) nesta faixa etária não trabalhava nem frequentava escola. Na faixa de 18 a 24 anos, o índice é ainda mais preocupante, de quase um quarto (23,4%).
"Não significa que são encostados ou que são um bando, mas é um fator preocupante porque não é possível que pessoas desta idade não estudem nem trabalhem", diz a técnica do IBGE Ana Saboia. Segundo Ana, os dados não permitem apontar as razões para número tão significativo da chamada "geração nem-nem" (nem estuda nem trabalha), mas, com relação às mulheres a necessidade de cuidar dos filhos é um fator que contribui para não terem atividades produtivas. A proporção de jovens que não vão à escola e não têm emprego se mantém estável, com pequena redução nos últimos dez anos: em 2002, eram 20,2% da população nesta faixa etária.
Os indicadores mostram que 70,3% dos jovens que não trabalham e não estudam são mulheres. Dessas jovens que não têm atividade produtiva, 58,4% tinham pelo menos um filho. A maior parte dos jovens "nem-nem" (38,6%) tem ensino médio completo, ou seja, deveria ter seguido para um curso superior ou ingressado no mercado de trabalho. No outro extremo, um porcentual também alto, de 32,4%, nem sequer completou o ensino fundamental.
O Nordeste é a região com maior proporção de jovens que não estudam nem trabalham, em todas as faixas etárias estudadas. Na faixa de 18 a 24 anos, Alagoas tem nada menos que 35,2% da população que não estuda nem trabalha. Na região metropolitana de Recife, o índice também é preocupante: 31,8% dos jovens de 18 a 24 anos não têm atividade produtiva.
Geração canguru
No estudo sobre a composição das famílias no País, o IBGE constatou que é crescente a proporção de adultos (25 a 34 anos) que, embora tenham algum tipo de renda, continuam a viver com os pais, formando a chamada "geração canguru". Um em cada quatro jovens nesta idade (24,3%) ainda vivia com os pais em 2012, segundo a Síntese de Indicadores Socais. Em 2002, esse índice era de 20,5%, ou um em cada cinco jovens.
O fenômeno da geração canguru ocorre com mais frequência em famílias de renda mais alta e na região Sudeste. Entre os que optaram por continuar a viver com os pais, 60% são homens e 40% mulheres. Em geral, são ocupados e têm alta escolaridade. Segundo técnicos do IBGE, uma combinação de fatores pode levar ao adiamento da decisão de deixar as casas dos pais - os motivos vão de questões financeiras a emocionais.
Embora tenham renda própria, os jovens decidem continuar com os pais para economizar nos gastos com a casa e investir em estudos e aprimoramento profissional. Também existe, segundo a técnica do IBGE Ana Saboia, uma tendência de amadurecimento mais tardio entre os jovens. A preocupação em dar mais assistência aos pais e a decisão de casar mais tarde também pesam no crescimento da geração canguru.
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